RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Uma tia materna do goleiro Weverton, do Palmeiras, morreu na terça-feira (13) após passar mal durante uma abordagem da Polícia Militar à casa em que ela morava em Rio Branco, no Acre. A ação policial ocorreu na noite de quinta-feira (8) e terminou com duas primas do atleta presas.
Em nota, o Comando-Geral da Polícia Militar prestou condolências à família e disse ter aberto um inquérito para apurar a conduta dos agentes envolvidos no episódio.
O atestado de óbito apontou que Maria José Pereira, 66, morreu em decorrência de um infarto. Ela estava internada em um pronto-socorro na capital acreana onde deu entrada após o tumulto em sua casa no bairro Pista, região da Baixada da Sobral, na periferia da cidade.
O goleiro Weverton não se manifestou sobre o caso até a publicação deste texto.
Segundo familiares que testemunharam a ação, PMs entraram na casa de Maria José por volta das 20h30 em busca de um dos filhos dela por suspeita de furto. A família afirma que os agentes não tinham mandado e invadiram a residência mesmo tendo sido informados de que o homem que procuravam está preso há cerca de dois anos.
Em seu depoimento na delegacia, o PM Manoel Ribeiro do Nascimento Neto alegou que os agentes foram agredidos verbalmente pelas irmãs Antônia Magna e Marcia Cristina Pereira Muniz e, por isso, deram voz de prisão às duas por desacato.
Ainda segundo o policial, as mulheres resistiram, e os PMs tentaram contê-las ainda na rua, mas elas foram puxadas por familiares para dentro da casa.
Os moradores, por sua vez, disseram que a abordagem da polícia foi truculenta e que os PMs usaram spray de pimenta no local, onde havia crianças -o PM Neto confirmou que a equipe entrou na residência depois de usar "equipamento não letal (spray de pimenta)". Os nomes dos outros policiais não foram divulgados.
Durante a invasão, PMs e familiares começam a discutir, e parte da ação foi filmada. A gravação mostra uma sequência de gritos e empurrões, até que um policial acerta um tapa na mão do homem que faz o vídeo, e o aparelho celular cai no chão. Quando a filmagem é retomada, os envolvidos já estão do lado de fora da casa e duas mulheres são colocadas na viatura.
A Corregedoria da Polícia Militar afirma que analisa as imagens.
A advogada Helane Christina, que representa a família, disse à reportagem que, no momento da abordagem, os parentes chegaram a dizer aos PMs que Maria José tinha problemas cardíacos.
"Uma das filhas chegou a entregar aos policiais um laudo médico dela que indicava problemas de saúde, pedindo que fossem embora. Mas eles [policiais] disseram que era para chamar o Samu porque não eram médicos, e continuaram aterrorizando a família", afirmou a advogada.
Maria José acabou passando mal após a ação e foi levada ao pronto-socorro onde ficou internada e morreu. O filho que estava sendo procurado, Márcio Pereira, compareceu ao velório da mãe nesta quarta-feira (14), escoltado por policiais penais.
O caso foi registrado na Delegacia de Flagrantes. A advogada afirma que, no local, levou um empurrão do PM Manoel Ribeiro do Nascimento Neto ao defender que tinha o direito de acompanhar suas clientes.
Um vídeo postado pela profissional no Instagram mostra a confusão na delegacia. O policial envolvido na discussão foi interrogado sobre a acusação da advogada, mas se manteve em silêncio.
A Comissão de Prerrogativas da OAB do Acre foi acionada e acompanha o caso. O órgão afirma que trata-se de um caso de misoginia e repudiou os "excesso de ordem física".
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