RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Uma mulher foi presa por injúria racial acusada de chamar de "negrada" clientes de um supermercado em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. O caso ocorreu na última sexta-feira (16), e um vídeo que registrou a ofensa repercutiu nas redes sociais.

Letícia Karam de Assis, 21, foi presa em flagrante, mas liberada em audiência de custódia. Questionada, a Polícia Civil não soube informar o nome do advogado dela. A reportagem não conseguiu localizar a defesa da mulher.

O jornalista Daniel Nascimento afirmou à Folha de S.Paulo que foi agredido e xingado por Letícia e a mãe dela. Segundo ele, tudo começou por causa de um lugar na fila do caixa do estabelecimento.

Daniel contou que a mulher que aparece de cabelo loiro no vídeo estava à frente dele na fila do caixa e saiu para ficar com a filha dela, Letícia, que aguardava na fila ao lado. Em seguida, ela tentou retornar para a frente do jornalista e esbarrou nele. Daniel, então, disse que a mulher precisava decidir onde ficaria e ela teria começado a discutir com ele.

"Ela me olhou e disse que ficava onde quisesse. Depois a filha dela começou a me insultar dizendo que eu era um lixo, um pobre coitado e neguinho feio", relatou o jornalista. "Ela usou da minha cor para me afrontar. Estamos em pleno século 21 e parece que o racismo nunca vai acabar", completou.

O jornalista disse ainda que foi agredido com arranhões e socos por Letícia. Daniel afirmou que também deu socos na confusão, segundo ele, para reagir às agressões.

"Eu não me orgulho disso, mas eu tive que me defender. Ela me arranhou e eu ainda tenho as marcas no braço", disse, mostrando os machucados.

Pessoas que estavam em outros caixas começaram a defender Daniel. Em um vídeo, gravado por ele dentro do supermercado, o jornalista discute com a mãe e diz que a filha cometeu agressão contra ele.

"Essa negrada, sabe?", diz a mulher no vídeo, causando indignação de outros clientes do estabelecimento.

"É muito vergonhoso porque naquela hora, eu tive o apoio de pessoas que eu não conhecia e me defenderam e acabaram sendo agredidos também, mas eu só queria sair dali. Só quem passa por isso sabe. Não foi a primeira vez, mas agora eu resolvi expor", disse, chorando.

"Eu sou jornalista e vejo diversos casos, mas a gente só sabe mesmo quando sente na pele. Eu só espero na Justiça e vou até as últimas consequências para que o que aconteceu comigo sirva para outras pessoas que passam pelas mesmas coisas também tomem coragem de falar", completou.

O caso foi registrado na 52ª DP, em Nova Iguaçu. Segundo a polícia, a mulher foi conduzida por policiais militares à delegacia, onde foi autuada em flagrante por injúria racial.

Em audiência de custódia, a Justiça confirmou a prisão, mas concedeu a liberdade provisória a mulher, desde que respeite algumas medidas.

De acordo com a decisão, Letícia Karam está proibida de fazer contato e de se aproximar das vítimas e das testemunhas, além de sair da cidade por mais de 15 dias. A mulher também deve, a partir de abril, comparecer em período trimestral ao juízo da 2ª Vara Criminal de Nova Iguaçu.


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