SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - O entregador baleado no Rio de Janeiro por um policial militar no Rio de Janeiro recebeu alta do Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, zona norte da capital.

Nilton Ramon de Oliveira, 24, deixou a unidade de saúde no último sábado (16). Ele ficou internado por 12 dias.

Nas redes sociais, ele publicou uma foto dele ainda com equipamentos médicos. Na legenda, o entregador escreveu: "Cicatrizes são como medalhas de honra, símbolos visíveis da coragem que tive ao enfrentar adversidades e seguir em frente".

O entregador levou um tiro na perna. O disparo atingiu a veia femoral, o que o levou a perder muito sangue.

O jovem realizou duas cirurgias. O projétil não precisou ser retirado do corpo de Nilton, já que a bala atravessou a perna dele.

RELEMBRE O CASO

O policial militar e a esposa dele fizeram um pedido de comida por aplicativo, que foi entregue por Nilton. Após a chegada da encomenda, o agente e a mulher teriam se recusado a descer para buscá-la, e o entregador informou que não iria subir até o apartamento deles porque não fazia parte de seu trabalho.

Como o PM não desceu, o entregador fez os trâmites de devolução do produto e retornou para o estabelecimento onde a compra foi feita, quando foi abordado pelo cliente, na praça Saiqui. Imagens feitas por Nilton mostram ele e Roy discutindo. O agente está armado e questiona por que o entregador está "com a mão na cintura". O jovem nega que esteja armado, levanta a camisa e fala: "Tô armado não, filho. Sou trabalhador".

Em seguida, o jovem diz estar sendo ameaçado pelo policial. "Ele está tentando me agredir. Mostrou a arma na minha cara. Tira a arma e faz na mão", falou o trabalhador.

O agente rebate o entregador e diz que ele teria sido mal-educado com sua esposa. "Trabalhador o caralh*. Minha mulher te tratou com maior educação, vai tomar no seu c*. Seja educado. Não se propõe a fazer entrega? Então seja educado. Minha mulher tem 42 anos e te respondeu na maior educação".

Posteriormente, é possível ver Nilton caído no chão, ensanguentado, baleado na perna.

FAMÍLIA DIZ TER SIDO INTIMIDADA POR PMS

Familiares denunciaram que foram intimidados por policiais militares enquanto estavam no Hospital Salgado Filho.

Luiz Carlos, cunhado do entregador, disse que a família precisa de uma medida protetiva. "Ontem estávamos na porta do Salgado Filho, e, enquanto minha esposa dava entrevista no hospital, tinha policiais gravando ela, tirando foto, zombando e rindo. Na minha concepção, policiais são pagos para proteger, não coagir, e ela se sentiu coagida", afirmou ao RJ1, da TV Globo.

Ele se reuniu no dia 6 de março com a Comissão de Direitos Humanos da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro). "Eu clamo por justiça. A gente não sabe o que pode acontecer. O policial cometeu uma tentativa de homicídio contra meu cunhado, não pode ficar impune", acrescentou Luiz Carlos.

Por meio de nota, a assessoria de imprensa da Polícia Militar disse que não recebeu notificação sobre a suposta intimidação. "A SEPM [Secretaria de Estado de Polícia Militar] ressalta que a captação de imagens está entre as rotinas dos policiais em serviço nas ruas para fins diversos, como passar detalhes do cenário a instâncias superiores ou registrar movimentações atípicas".

O policial militar Roy Martins Cavalcanti alegou que agiu em legítima defesa. Ele atirou no entregador, que se recusou a subir até o apartamento para entregar o pedido. O caso ocorreu no dia 4 de março.

Testemunha rebate justificativa sobre legítima defesa. Em entrevista ao programa Encontro, da TV Globo, Yuri Oliveira, que também trabalha no iFood e testemunhou a confusão, disse que não viu Nilton fazendo qualquer movimento para tentar pegar a arma de Roy.


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