SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O Dante Alighieri, tradicional colégio particular de São Paulo, emitiu um comunicado aos pais alertando sobre a existência de um grupo de estudantes no WhatsApp disseminando conteúdo pornográfico, de apologia ao nazismo e incitação ao suicídio.

De acordo com o comunicado, foi detectada nesse grupo, nomeado Meta 500, a participação de alunos do 5º ao 9º ano do ensino fundamental, ou seja, crianças a partir dos dez anos e adolescentes. Na descrição do grupo, segundo a carta do Dante, havia a seguinte mensagem: "Não adicione sua família, só amigos e amigas".

Os pais foram informados de que o grupo trazia fotos, figurinhas e gifs pornográficos, fotografias de facas afiadas, além do conteúdo nazista e de incitação ao suicídio. Segundo o comunicado, esse grupo tinha uma série de número de telefones desconhecidos, entre eles alguns de outros estados e até de outros países.

O título do comunicado é "Alerta - Grupo de WhatsApp de risco Meta 500: 5º ao 9º ano do ensino fundamental". Esse grupo é resultado de uma nova ferramenta do WhatsApp, a dos canais, que têm um número ilimitado de membros e, de acordo com especialistas, facilitam a propagação de fake news e de conteúdos nocivos.

A escola alertou sobre a preocupação de que pessoas desconhecidas entrem em contato, de forma privada, com os alunos "propondo desafios perigosos ou ainda solicitando o envio de fotos íntimas ou dinheiro por meio de ameaças".

A reportagem procurou a assessoria de imprensa da Meta, empresa que controla o WhatsApp, o Facebook e o Instagram, mas, até o fechamento desta reportagem, ainda não havia recebido uma resposta.

Telma Vinha, pesquisadora da Unicamp que coordena um levantamento sobre a relação da violência nas escolas com as redes sociais, disse à reportagem que havia sido informada da presença de alunos de outras escolas de São Paulo, além do Dante.

"É a violência e a cooptação extremista na palma da mão de crianças e adolescentes", afirmou. "Enquanto isso, a regulação das redes sociais está parada no Congresso."

No comunicado do Dante, é recomendado "enfaticamente aos pais que solicitem a seus filhos que saiam o mais rápido possível desse grupo de WhatsApp".

A carta também afirma que os integrantes do grupo serão alertados na escola "sobre a gravidade e os complicadores" de participação nessa comunidade. Também ressalta que, como os membros são menores, "a responsabilidade do conteúdo recai sobre os pais, que se tornam corresponsáveis pela publicação, ainda que não tenham tido nenhuma participação direta na postagem".

"Daí a importância de os pais acompanharem e monitorarem a vida digital de seus filhos, dialogando com eles sobre esse assunto", diz o texto, assinado por Elenice Ziziotti, diretora de relação humanas e convivência, e Angela Cillo Matins, diretora pedagógica, que afirmaram que a escola desenvolve ações educativas em favor da segurança digital.

Vinha ressaltou à reportagem que o acompanhamento do que o filho faz nas redes sociais deve ser visto como parte de sua formação e proteção. "Se crianças e adolescentes estão consumindo esses conteúdos em espaços dos quais os adultos não fazem parte, esse é um problema coletivo, de todos nós", afirmou. Ela reforçou a necessidade de que as escolas integrem ao currículo a formação dos alunos para uma relação saudável com as redes sociais, e não trabalhem esse tema apenas de forma pontual, isolada.


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