Luta física e emocional contra o câncer Se estudo relata que casamento é bom para depressão, psicoterapeuta
alerta que esta não é a melhor solução

Sílvia Zoche
Repórter
21/09/06

 

Clique no ícone ao lado e assista ao que a psicoterapeuta Maria Cristina Brandão Heidenreich fala sobre a sexualidade da mulher com câncer de cólo de útero ou de mama

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Ilustração representando uma passeata em prol da importância do diagnóstico precoce do câncer de mama Unidas em prol de uma mesma causa, as mulheres estão convidadas a participarem de uma passeata neste sábado, 23 de setembro, às 9h, no Parque Halfeld. O tema é a importância do diagnóstico precoce do câncer de mama. Esta data é chamada de Dia do Compromisso e será realizada em duas outras cidades de Minas Gerais: Belo Horizonte e Uberlândia.

O câncer de mama, diferentemente do câncer de cólo de útero não tem como ser previnido, como explica o ginecologista Álvaro Polisseni (foto abaixo). Por isso é tão importante a mulher comparecer ao consultório médico, pelo menos, uma vez ao ano; fazer o auto-exame e principalmente o exame de mamografia. "Aos 35 anos, a mulher pode fazer uma mamografia basal. E a partir dos 40 anos, pode fazer o exame anualmente". O médico lembra que nem todo nódulo sentido pela mulher no auto-exame é um câncer maligno. "O auto-exame é importante, mas se a mulher diagnosticar um nódulo maligno, ele já vai estar em estágio avançado. Por isso a mamografia é muito importante", destaca.

Foto do ginecologista Álvaro Polisseni Pela mamografia, podem ser vistos nódulos suspeitos ou microcalcificações agrupadas, de tamanhos diferentes. Dessa forma, pode-se pedir uma biopsia e analisar o tipo de nódulo e fazer o tratamento logo no início e se recuperar.

A presença do vírus HPV pode provocar lesões no cólo, porque o vírus é o agente causal do câncer de cólo. Diagnosticadas as lesões logo no início e tratadas, é possível evitar que estas evoluam para o câncer. "O rastreamento é feito pela citologia, exame de papanicolau; coposcopia, que vê as imagens do cólo. Se aparecer algo anormal, é feita uma biopsia". Na fase avançada das lesões, surgem sintomas como sangramento espontâneo, secreção aquosa sanguinolenta e odores fortes, resultado do câncer de cólo. Para não pegar o vírus do HPV, só usando camisinha - masculina ou feminina. "No Brasil, enrte as mulheres, o câncer de mama tem a maior incidência e depois o câncer de cólo", relata Polisseni.

Mas até se recuperar, a mulher fica fragilizada física e emocionalmente. Seu relacionamento sexual também é atingido, porque existe um comprometimento primeiro com a recuperação. Pode ou não pode ter relações sexuais durante o tratamento se a mulher desejar? Não é questão de poder. Como diz Polisseni, cada pessoa reage de uma forma.

"A quimioterapia dá algumas reações com os remédios. As mamas podem arder com a radioterapia e sexo com dor não combina, não é verdade? Mas tudo de acordo da vontade dela". Depende também como a mulher lidava com a sexualidade antes da doença, vai depender de como o companheiro vai reagir", diz.

A mulher precisa vencer a doença e o medo da doença. Procurar ajuda através da análise com um sexólogo, psicoterapeuta ou psicólogo pode colaborar bastante para a recuperação. "Emocionalmente saudável, o próprio corpo responde de forma saudável", diz a psicoterapeuta Maria Cristina Brandão Heidenreich (foto abaixo).

A sensação de impotência sexual gerado por um câncer de mama ou de cólo de útero costuma acontecer, porque, segundo a psicoterapeuta, as mulheres esquecem de que o corpo como um todo é erógeno. "Não se deve depositar seu prazer somente em determinadas partes do corpo. O beijo, por exemplo, já é o início do prazer sexual", comenta.

Foto da psicoterapeuta Maria Cristina Brandão Heidenreich Se soltar sexualmente para o parceiro não é algo que deva ser fácil para uma mulher em tratamento e em recuperação, como diz Maria Cristina. "É um momento que ela não está se sentindo bem com ela mesma. Às vezes, acontece até da mulher rejeitar o parceiro. Por isso o companheiro é muiito importante. Ele deve se aproximar mais, ser cúmplice, se inteirar sobre o assunto, estudar, ler a respeito e ajudar na recuperação".

Terapia de casal também é uma solução indicada para que o relacionamento seja bem conduzido durante e depois desta fase. "O câncer de mama pode chegar perfeitamente a cura", diz a psicoterapeuta e relembra que "a cabeça comanda o corpo".