Lição de vida

Por


Leila Catarina Mattoso
Defici?ncia n?o ? obst?culo para a atleta

Deborah Moratori
14/01/03

Imagine o mundo em preto e branco. Agora imagine esse mesmo mundo sem o branco. Imagens, cores e formas n?o existem. Essa realidade faz parte do cotidiano dos deficientes visuais. Pessoas que nasceram sem enxergar ou que perderam a vis?o. Obst?culos para muitos, mais um para Leila Catarina Mattoso.

Ela tem 55 anos e desde os 12 foi perdendo a vis?o aos poucos. Entre um transplante e outro, enxergou cores e penumbras, superou a defici?ncia, conheceu as filhas e o marido e depois perdeu a vis?o de novo.

Felicidade acima de tudo
H? 15 anos ela n?o enxerga, mas afirma "a gente ? feliz assim mesmo. A defici?ncia n?o ? problema, ? solu??o quando a gente quer". Leila fala com a garra de quem exibe 23 medalhas no peito. Ela ? campe? de atletismo nas modalidades de arremesso de peso e disco e lan?amento de dardo. Os trof?us foram conquistados com muita disposi??o e boa vontade.

"O esporte s? nos ajuda. Ele funciona como uma terapia e nos d? entusiasmo para competir. ? muito gratificante quando a gente sobe ao p?dium e recebe um medalha. Todo mundo me incentiva".

A atleta mais dedicada do treinador da academia da Associa??o dos Cegos, Vanderlei da Silva, ? motivo de orgulho. "Ela ? um exemplo para todos n?s. Uma atleta capaz de superar todos os limites e vencer todos os obst?culos".

Dedica??o e conquistas
As ?ltimas e as mais importantes medalhas foram conquistadas m?s passado na Copa Brasil de Atletismo para cegos e deficientes visuais disputada em Belo Horizonte de onde ela voltou com uma de ouro e uma de prata.

H? tr?s anos se dedicando ao esporte, Leila diz que sempre foi animada. "Sempre dancei muito e recebi v?rias propostas de casamento". Casada e m?e de duas filhas, ela conta que deixa a fam?lia em Juiz de Fora para participar dos campeonatos.

A equipe de atletismo do treinador Vanderlei, al?m de Leila ? formada por mais quatro atletas - Mariza Machado Paes, Cl?udio Nunes de Oliveira, Jos? Luiz de Souza e Claudemir Walcir Moreira - que j? percorreram v?rios estados do pa?s, entre eles Santa Catarina, S?o Paulo e Rio de Janeiro.

V?os mais altos
"A meta para este ano ? o Pan-americano. Os jogos dessa disputa servem como etapa classificat?ria para as Olimp?adas de Atenas em 2004", revela. "O que ? triste ? n?o poder participar das competi?es por falta de patroc?nio".

Leila completa: "se n?s tiv?ssemos ido a Joinville ano passado, eu teria mais medalhas. Treinamos, arrumamos as malas, mas no dia da viagem o dinheiro do patroc?nio para pagar as passagens n?o chegou".

Vanderlei faz um apelo. "Qualquer ajuda ? bem-vinda. A participa??o nas disputas ? que incentiva os atletas a treinarem". Quem quiser colaborar pode entrar em contato com o treinador na Associa??o dos Cegos de Juiz de Fora que fica na Avenida dos Andradas, 455 ou pelo telefone 3215-2469.

A rodada de campeonatos s? come?a em mar?o e Leila j? treina duro para as competi?es. Em ?poca de disputa, o treinamento ? di?rio e, mesmo estando de f?rias, ela n?o deixa de ir ? academia. "Eu preciso de fortalecer a musculatura para aperfei?oar os lan?amentos". Com a dedica??o de quem est? sempre buscando vencer obst?culos, ela aconselha: "Querer ? poder".