Supermercados podem ficar sem mão de obra para atender demanda do fim do anoEmbora seja esperada a abertura de 3.500 vagas em mercados em Minas Gerais, a expectativa do setor é preencher apenas 2 mil postos

Aline Furtado
Repórter
26/10/2011
Supermercado

Com a aproximação do final do ano, a expectativa é de abertura de 3.500 postos de trabalho nos supermercados em toda Minas Gerais até o mês de dezembro, em função das festas de Natal e Ano Novo, segundo dados da Associação Mineira de Supermercados (Amis). Contudo, apenas duas mil vagas do total devem ser preenchidas, devido à dificuldade de contratar funcionários. Em Juiz de Fora, a realidade é a mesma do Estado.

"Abrimos três vagas em uma de nossas lojas há cerca de um mês e não conseguimos preenchê-las ainda. As pessoas nem procuram, porque sabem que trabalham até mais tarde no sábado e também no domingo", afirma o gerente de uma rede de mercados, Célio Garcia Furiati. Ele destaca, ainda, que no caso de mão de obra especializada, como para as vagas de padeiro e açougueiro, a dificuldade tende a ser maior.

Segundo Furiati, a loja em que trabalha não deve conseguir preencher todas as vagas temporárias oferecidas neste final de ano. Nem as que foram abertas ao longo de 2011 chegaram a ser preenchidas na totalidade. Segundo a Amis, o déficit do setor no ano em todo o Estado é de quatro mil postos. "A previsão era encerrar o ano com oito mil vagas a mais, mas se tivéssemos quatro mil pessoas hoje, todas seriam contratadas imediatamente", afirma o superintendente da Amis, Adilson Rodrigues.

O gerente regional de uma rede de supermercados que emprega aproximadamente 1.500 funcionários, Rodrigo Diniz, relata que as dificuldades ocorrem principalmente quando a vaga é destinada a homens ou quando é exigido o ensino médio completo ou, ainda, quando o bairro onde a loja está instalada não possui linha de ônibus em horários que coincidam com a saída noturna do estabelecimento. "Trabalhar aos finais de semana e durante feriados não costuma ser problema porque os candidatos entregam os currículos sabendo horários e datas de funcionamento", explica Diniz. A rede não exige experiência para contratação.

Para o presidente do Sindicato do Comércio de Juiz de Fora (Sindicomércio-JF), Emerson Beloti, a dificuldade é real e pode ser expandida para o comércio de forma geral. "Falta mão de obra diante de tanta oferta." Beloti aponta que o supermercado é fonte do primeiro emprego da grande maioria de pessoas, devido ao fato de exigir apenas o ensino médio completo. "Mas é importante lembrar que alguns ainda costumam abrir mão da escolaridade mínima."

O presidente defende que o setor de mercados e supermercados deveria sofrer menos justamente por não exigir formação específica. "Entretanto, alguns dão preferência a jovens entre 18 e 25 anos e acabam não encontrando pessoas disponíveis nessa faixa etária."

Além disso, outra questão que contribui para a escassez de mão de obra é o fato de o mercado, em geral, estar ofertando muito. "Com isso, as pessoas acabam tendo oportunidade de escolha. Como em mercados e supermercados trabalha-se em horários diferenciados e aos finais de semana e feriados, em alguns casos, muitos acabam optando pelas vagas de outro setor, que podem ser mais atrativas." Ele destaca que algumas redes estão mudando o foco e optando pela contratação de pessoas que já saíram do mercado de trabalho. "O retorno tem sido positivo."

Beloti lembra que um total de 9 mil pessoas está empregado em mercados e supermercados em Juiz de Fora. A cidade tem, atualmente, aproximadamente 400 supermercados. O piso salarial é igual ao do comércio, ou seja, R$ 590*. Em mercados e supermercados, os trabalhadores não são comissionados.

* O valor foi informado em outubro de 2011

Os textos são revisados por Thaísa Hosken