Marcelo de Castro Dutra

Por


Marcelo de Castro Dutra
Honra, f? e for?a na pr?tica do karat?

Deborah Moratori
20/10/03

As artes marciais come?aram a fazer parte da vida do faixa preta Marcelo de Castro Dutra aos 14 anos quando come?ou a praticar o kung-fu. O motivo? "Para aprender a brigar, para bater num menino que tinha me batido na escola", lembra. Hoje, doze anos depois, como professor de karat?, o atleta mostra - e ensina - em sala de aula a verdadeira filosofia das artes marciais. "A luta n?o ? contra o advers?rio. O karat? ensina a gente a se controlar, a vencer a si mesmo".

O karat? substituiu o kung-fu por quest?es meramente financeiras. Depois de abandonar a academia onde treinava com o Mestre Adilson, Marcelo conta que passou a praticar o karat? em casa com alguns amigos e um professor, o Sensei M?rcio Spagnoli. "Foi com ele que aprendi a arte do karat?", recorda.

Aos 16 anos, o atleta foi morar nos Estados Unidos. Em Nova Iorque, deu continuidade ? pr?tica do karat?. "L? eu era aluno de um sensei, que quer dizer professor em japon?s, do Jap?o. Ele me ensinou o estilo shotokan", diz. O shotokan, segundo Marcelo, ? uma modalidade em que os golpes s?o socos e chutes tendo como alvo o t?rax do advers?rio.

Campe?o internacional
O estilo katsugo karat? ele conheceu em New Jersey. ? esse estilo que o atleta p?e em pr?tica na academia onde ? professor aqui em Juiz de Fora. Marcelo diz que se apaixonou pela modalidade que re?ne as t?cnicas do boxe tailand?s, do jud? e do jiu-jitsu baseadas na filosofia do karat?. Foi l? que o atleta conquistou diversos trof?us em campeonatos regionais, guardados, com carinho, na casa da m?e que ficou nos Estados Unidos. "S? deu para trazer as medalhas".

Essas medalhas foram resultados de campeonatos estaduais, na Fl?rida, onde conheceu outro estilo, o uiche-ryu - karat? tradicional -, sem abandonar o katsugo. "A mais importante ? essa aqui, mostra, que me classificou para a disputa nacional que eu acabei n?o competindo porque tive que mudar outra vez", lamenta-se. A classifica??o est? gravada na mem?ria e bordada na manga do quimono que faz quest?o de exibir.

De volta a Juiz de Fora, cidade natal, o atleta dedica, afastado das competi?es, seus conhecimentos sobre as artes marciais aos alunos da academia onde ? conhecido como Sensei Marcelo. O t?tulo de sensei ? concedido aos professores e mestres, os "faixa preta". "No katsugo s?o 12 faixas da branca - a amarela ? concedida no primeiro exame - ? preta. Para se tornar professor, o atleta, depois de conquistar esta ?ltima faixa, ainda passa por um per?odo de um ano de prepara??o onde aprende a ensinar as t?cnicas do karat? e se torna um sensei".

Li??o de vida
E para quem pensa que as artes marciais se resumem ? t?cnica de lutas, engana-se. O sensei explica que h? duas coisas para serem trabalhadas: o autocontrole durante as lutas e a filosofia que est? por tr?s das t?cnicas. "A maioria das academias de karat? utiliza os ensinamentos do budismo. Aqui n?s somos filiados ? Associa??o Mundial Karate for Christ", diz. Marcelo explica que essa associa??o surgiu nos Estados Unidos na tentativa de substituir a filosofia oriental pelo cristianismo, ideologia t?pica do pa?s.

No emblema bordado no quimono est?o as palavras de ordem da associa??o: honor, faith e power - honra, f? e for?a, em portugu?s, conceitos que Sensei Marcelo faz quest?o de disseminar aos alunos da academia.