RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O deputado federal Marcelo Freixo (PSB-RJ), candidato ao Governo do Rio de Janeiro, foi alvo de críticas de adversários e de apoiadores por mudar sua posição sobre a legalização das drogas.

Os principais adversários utilizaram a mudança sobre o tema para apontar falta de credibilidade do candidato, e apoiadores lamentaram o pragmatismo para se aproximar do eleitorado conservador.

A nova posição sobre drogas foi dada em sabatina promovida pelo programa Balanço Geral, da TV Record. "Sou contra qualquer coisa que venha dividir a sociedade brasileira hoje. Não sou favorável. Acho que a gente precisa criar emprego, garantir saúde e fazer um policiamento que seja preventivo", disse Freixo.

O candidato passou, então, a defender uma polícia eficiente e investimentos na segurança pública.

Questionado, mais uma vez, de forma direta sobre o tema, Freixo respondeu: "Não. Não sou mais a favor [da liberação da maconha]. Não acho que isso vai, nesse momento, nos ajudar no Brasil. O que a gente precisa é avançar nas políticas de saúde e na eficiência da polícia".

A aliada mais próxima a se manifestar foi a professora de direito Luciana Boiteux, candidata a vice de Freixo na chapa derrotada na eleição de 2016 para a Prefeitura do Rio de Janeiro.

"Eu reafirmo o voto no Freixo, mas não podemos passar pano para sua afirmação equivocada. É nosso papel cobrar coerência e respeito a pautas caras à população pobre e preta do Rio de Janeiro que é alvo letal das chacinas de Castro em nome da guerra às drogas", escreveu ela.

Dentro da campanha, a reação da base progressista de Freixo era esperada. Contudo, avalia-se que esses eleitores permanecerão com ele a fim de derrotar o governador Cláudio Castro (PL), candidato à reeleição apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL).

O objetivo é aproximar o candidato do eleitorado conservador que não o conhece. Freixo apareceu com rejeição de 29% na pesquisa do Datafolha divulgada no início de julho. O patamar é semelhante ao identificado apenas entre evangélicos (31%). A avaliação é a de que os eleitores mais pobres que pouco o conhecem terão o primeiro contato com o deputado já com a nova posição.

Os adversário, porém, atacaram a mudança de posição do deputado. Castro falou em "Freixo A" e "Freixo B", o que deve se tornar um mote de ataque ao até agora principal adversário.

"Freixo A ou Freixo B? Freixo de sempre ou da eleição? Qual você confia? O oportunismo eleitoral do Freixo não tem limites. Mal a campanha começou, e o defensor número 1 dos bandidos e das drogas finge agora ser contra tudo que pregou. Faltam princípios, sobram mentiras", escreveu o governador.

O ex-prefeito de Niterói Rodrigo Neves (PDT) disse que o "Rio de Janeiro não se engana" com Freixo.

"Ontem, Freixo, que sempre se declarou ateu, começou a campanha fingindo que rezava na igreja da Penha. Hoje, negou a principal bandeira que pregou a vida inteira: a legalização das drogas. Quem será que ele quer enganar? O eleitor que votava nele ou o eleitor que nunca votou nele?", escreveu o pedetista.

Freixo já vinha buscando mostrar moderação em outros temas caros às suas bandeiras, como segurança pública. Como a Folha mostrou em abril, ele também reduziu a frequência com que critica em suas redes sociais ações policiais no estado.

A defesa da liberação das drogas é uma pauta histórica de Freixo. O principal argumento do deputado sempre foi o fato de a proibição estimular o tráfico ilegal e a chamada "guerra às drogas", gerando conflitos entre polícia e criminosos e vitimando, principalmente, jovens negros e pobres.

"Hoje, quem a gente está prendendo, fruto da lógica de combate às drogas, são jovens pobres negros de periferia da favela. Na verdade, as pessoas vão continuar consumindo maconha. O que a gente tem que decidir é quem vai controlar isso. Se vai ser o estado ou o mercado das armas, da guerra e da morte", disse ele à deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), em vídeo de 2019 em debate sobre liberação da maconha.

As mudanças, principalmente em relação às drogas, marcam a guinada ao centro iniciada pelo candidato em junho do ano passado, quando trocou o PSOL pelo PSB a fim de construir sua candidatura.

Uma das sinalizações de Freixo foi escolher como vice o vereador Cesar Maia (PSDB), a quem já responsabilizou pelo crescimento das milícias.


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