SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O deputado federal Marco Feliciano (PL-SP), que é pastor e foi um dos primeiros líderes de agremiação evangélica a dizer que Lula vai "fechar igrejas" se ganhar as eleições, celebra o fato de o ex-presidente voltar recorrentemente ao assunto depois que suas afirmações foram divulgadas.

"Fisguei ele", diz Feliciano, que é pastor e presidente da Assembleia de Deus Catedral do Avivamento.

"Quem começou esse assunto fui eu. Lancei meu pensamento, que para mim é uma verdade. Lula acusou o golpe e agora todo dia ele fala de pastor, o que está criando um ranço na comunidade evangélica. Antigamente, os evangélicos odiavam o PT. Agora, estão odiando o Lula", diz.

"Ele está dando munição para nós", segue Feliciano.

Como o jornal Folha de S.Paulo mostrou, Lula jamais deu indicação de que iria fechar igrejas evangélicas, ao contrário do que dizem pastores que apoiam o presidente Jair Bolsonaro (PL).

Em 2003, ele sancionou a lei que permite que igrejas e associações religiosas pudessem ter personalidade jurídica. Em 2009, sancionou o projeto que cria o Dia Nacional da Marcha para Jesus. Dois anos antes, em 2007, participou da inauguração da Record News, emissora de Edir Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus.

O próprio Feliciano não apenas apoiou Lula durante o governo dele como fez campanha para Dilma Rousseff em 2010. Na época, ele se empenhava em desmentir rumores de que o PT poderia perseguir os religiosos ou fechar igrejas.

Em um vídeo que voltou a circular nas redes, ele aparece com uma camiseta onde se lê "sou cristão e voto em Dilma", e faz um mea culpa:

"Como um papagaio, eu repetia: o PT vai fechar as igrejas do Brasil. [...] Oito anos atrás, Lula era um demônio. Mas Lula foi eleito e nenhuma igreja foi fechada".

Feliciano, no entanto, afirma que, "quatro meses depois" da vitória de Dilma, descobriu quem os petistas "realmente" eram. E hoje sustenta sua afirmação dizendo que "existem muitas formas de se fechar uma igreja, não necessariamente com fuzis. O governo pode fazer isso através de criação de leis, de impostos. Ou calando e obrigando religiosos a terem condutas antibíblicas".

Em um novo vídeo, ele admite que apoiou o PT em 2010. E afirma: "Que arrependimento, irmãos. Por Deus. Eu não conhecia o PT naquela época. Eu não tinha noção de quem eles eram".

O PT reagiu às falas de Feliciano e de outros líderes evangélicos, mas pretendia deixar a discussão religiosa em segundo plano e priorizar o debate sobre políticas públicas no país.

Lula, no entanto, tem voltado ao tema.

No sábado (20), no comício do Vale do Anhangabaú, em SP, ele afirmou que o estado brasileiro "é laico" e que, quando quer "conversar com Deus", não precisa de padres ou de pastores. "Eu posso me trancar no quarto e conversar com Deus quantas horas eu quiser sem precisar pedir favor a ninguém", declarou..

"O Estado não tem que ter religião. Todas as religiões têm que ser defendidas pelo Estado. As igrejas não têm que ter partido político, têm que cuidar da fé e da espiritualidade das pessoas, e não cuidar da candidatura de falsos profetas e fariseus que estão enganando essas pessoas o dia inteiro", disse.

O ex-governador João Doria (PSDB) compareceu ao evento que celebrou os 50 anos de idade do secretário da Justiça e Cidadania de São Paulo, Fernando José da Costa, e de sua esposa, Cristiane Zanetti da Costa, na capital paulista, na sexta-feira (19). O cantor Evandro Mesquita e sua banda Blitz foram uma das atrações da festa do casal.


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