RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - A maioria dos eleitores que não pretende votar em Jair Bolsonaro (PL) nem em Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no primeiro turno das eleições diz que, no segundo turno, vai optar pelo petista ou anular o voto, aponta pesquisa Datafolha feita na última semana.
O levantamento indica que 37% dos que descartam os dois principais candidatos devem acabar escolhendo o ex-presidente na segunda rodada das urnas, enquanto 36% devem apertar branco ou nulo. Outros 22% dizem que irão migrar para Bolsonaro, e 5% não sabem.
O grupo que foge da polarização equivale a um quinto do eleitorado e deve decidir o resultado do pleito em outubro. Ele é formado principalmente pelos apoiadores de Ciro Gomes, do PDT (35%), pelos que não votariam em ninguém (31%) e pelos adeptos de Simone Tebet, do MDB (10%).
Esse público, no geral mais indeciso, é representado por uma amostra de 1.309 das 5.744 pessoas entrevistadas pelo instituto entre os dias 16 e 18 de agosto. A margem de erro entre elas é de três pontos percentuais para mais ou para menos, superior aos dois pontos no total.
A pesquisa foi contratada pela Folha de S.Paulo e pela TV Globo e registrada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sob o número 09404/2022.
Se forem consideradas as intenções de voto no segundo turno em geral, Lula tem 54%, Bolsonaro registra 37% e brancos e nulos são muito inferiores: 8%.
A maior migração de votos para Lula do que para Bolsonaro na hora da decisão pode ser um reflexo de outra pergunta feita pelo Datafolha aos eleitores: a maioria respondeu considerar que o petista é o candidato mais preparado para lidar com diferentes problemas do país.
A opinião é compartilhada até por alguns apoiadores de outros candidatos ?54%, por exemplo, acham que o ex-presidente tem mais capacidade de conter a pobreza, impulsionados por 10% dos eleitores de Bolsonaro. Do lado contrário, só 1% dos lulistas citam Bolsonaro.
No caso do combate à fome, o volume de eleitores de Ciro que acham Lula mais preparado chega a 39%. O petista também é visto como mais apto para atuar nas áreas de saúde, educação, desemprego, ambiente e crescimento econômico.
Entre os sete desafios pesquisados, Bolsonaro só se aproxima mais do petista quando os eleitores são questionados sobre a educação. Para 43%, Lula tem mais preparo para cuidar da área, ante 29% que consideram o atual mandatário o mais indicado para a tarefa.
O grupo que não pretende votar nos dois principais candidatos no primeiro turno também avalia pior o desempenho do governo Bolsonaro nos últimos quase quatro anos.
Só 12% o acham bom ou ótimo, contra 30% do total. Outros 40% dizem que a gestão é regular (contra 26%) e 46% a veem como ruim ou péssima (índice próximo dos 43% em geral).
Eles são ainda mais pessimistas na economia. Apenas 33% acreditam que a situação do país vai melhorar nos próximos meses, considerando que no total essa parcela atinge 48%. Os que acham que vai piorar, por outro lado, somam 26% (contra 18%) e os que acham que vai continuar como está, 34% (contra 28%).
Outro recorte da última rodada do Datafolha mostra que um quinto dos eleitores que elegeram o presidente no segundo turno de 2018 agora deve migrar para Lula no primeiro turno. Os ex-apoiadores de Bolsonaro que se arrependeram são 19%.
Considerando o caminho inverso, porém, apenas 3% das pessoas que votaram no candidato do PT nas últimas eleições, Fernando Haddad, mudaram de lado e em outubro vão optar por reeleger o atual mandatário.
Já entre os que votaram em branco ou nulo na ocasião, 37% agora querem Lula no poder e 35% continuarão sem escolher um candidato. Outros 10% pretendem escolher Ciro e apenas 6%, Bolsonaro.
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