BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O ex-presidente Lula (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) estreiam na propaganda eleitoral no rádio com foco na população mais pobre.
Nas peças que começaram a ser veiculadas nesta sexta-feira (26), o petista tenta evocar a lembrança da situação econômica dessa população em seus governos, e o atual presidente faz a promessa de manter o valor de R$ 600 do Auxílio Brasil.
Bolsonaro também lança um esforço para divulgar seu novo número de votação na urna eletrônica, enquanto Lula dispara um ataque duro à gestão do adversário durante a pandemia.
Essas inserções de 30 segundos de duração, também chamadas de spots, são consideradas estratégicas pelas equipes de campanha porque são veiculadas durante os intervalos dos programas de rádio.
Por isso, costumam atingir um público maior do que os blocos mais longos de propaganda, quando muitos ouvintes desligam os aparelhos.
Na primeira das três peças que o petista leva ao ar nesta semana no rádio, Lula diz que as famílias "vivem um verdadeiro desespero para botar comida na mesa".
"No nosso governo, além dos alimentos, o salário dava para fazer um churrasquinho e um passeio no final de semana", afirma o ex-presidente. Ele completa a inserção com a promessa de "recuperar o poder de compra do salário mínimo".
Um dos principais objetivos da campanha do petista é manter a dianteira sobre Bolsonaro no eleitorado de baixa renda. Mas o PT também espera conquistar novos votos entre eleitores que viram sua situação econômica piorar nos últimos anos.
A última pesquisa do Datafolha mostrou que o petista tem vantagem maior sobre Bolsonaro entre os eleitores considerados vulneráveis -com baixa renda e instabilidade financeira. Lula aparece com 56% das intenções de voto nesse grupo no primeiro turno, contra 23% de Bolsonaro.
O rumo escolhido pelo atual presidente no lançamento da propaganda eleitoral indica que a economia será um ponto sensível desta etapa da disputa. Bolsonaro escolheu inaugurar a campanha no rádio com destaque para o Auxílio Brasil, direcionado a famílias pobres.
Numa peça que vai ao ar a partir deste sábado (27), o presidente promete manter o Auxílio Brasil em R$ 600 no ano que vem --ainda que a proposta do governo aprovada pelo Congresso estabeleça que os pagamentos terminam em 31 de dezembro.
"O Bolsa Família valia em média R$ 192. Tinha família recebendo R$ 80 por mês", compara Bolsonaro. "Nós criamos o Auxílio Brasil, onde cada família passou a receber no mínimo R$ 400 e elevamos esse valor para R$ 600. Esse valor será mantido a partir do ano que vem, dentro da responsabilidade fiscal."
Levar esse compromisso para a propaganda eleitoral foi uma decisão da campanha de Bolsonaro para tentar reduzir a exposição negativa do presidente no debate da transferência de renda.
Em entrevista ao Jornal Nacional na quinta-feira (25), Lula pôs em dúvida a manutenção dos pagamentos do programa em R$ 600.
"Ele [Bolsonaro] agora acabou de aumentar o auxílio emergencial para R$ 600, correto? [...] Até quando? Até dia 31 de dezembro. Porque na LDO [Lei de Diretrizes Orçamentárias] que ele mandou para o Congresso Nacional agora, não tem a continuidade", disse o petista.
O lançamento de um compromisso público, logo de saída, é uma tentativa da equipe de Bolsonaro de amenizar questionamentos como esse.
No fim da peça preparada para o rádio, um locutor ainda reforça a mensagem: "Auxílio Brasil de R$ 600 em 2023: missão dada é missão cumprida".
PANDEMIA
A campanha de Lula também decidiu levar ao rádio uma crítica a Bolsonaro pela gestão da crise sanitária da Covid-19. Na gravação, uma locutora diz que o presidente "debochou da pandemia que matou mais de 680 mil brasileiros".
Em seguida, são ouvidas, em sequência, declarações do próprio Bolsonaro sobre a Covid-19 -"uma gripezinha", "não sou coveiro", "país de maricas", "virar um jacaré".
Para a equipe petista, a propaganda eleitoral pode ser útil para reativar a memória da conduta do presidente nos últimos anos e reforçar os índices de rejeição a Bolsonaro. A peça termina com a frase: "Não esqueceremos".
Lula ainda terá um terceiro spot no rádio, em que um locutor o trata como "o maior presidente da história" e diz que ele "está voltando para melhorar a vida do povo".
Já Bolsonaro escolheu apenas duas gravações. Além da peça que trata do Auxílio Brasil, ele vai espalhar pela programação das emissoras de rádio o jingle "Capitão do Povo".
As duas inserções de rádio são encerradas com uma tentativa de reforçar o número de Bolsonaro nas urnas, uma vez que o presidente mudou de partido desde a última eleição,
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