SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A forte adesão à carta em defesa da democracia tem impulsionado a organização de centenas de atos em todo o Brasil para que sejam respeitadas as decisões das urnas nas eleições de outubro. Parte das manifestações acontecerá na manhã de quinta-feira (11), de forma simultânea à leitura do manifesto na Faculdade de Direito da USP.

Os atos são estimulados pelo comitê organizador do evento na região central de São Paulo e estão marcados em dezenas de faculdades de direito, associações e escolas espalhadas pelas cinco regiões do país.

Além da leitura da carta pró-democracia, que já soma mais de 800 mil assinaturas, estão previstas manifestações artísticas e culturais, debates e marchas em defesa do Estado democrático de Direito.

Aproximadamente 30 pessoas se voluntariaram em um primeiro momento para ajudar na divulgação do movimento em outras regiões do país, segundo a advogada e conselheira da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) Ana Luisa Borges.

Os voluntários se dividiram em subgrupos para a redação e divulgação de textos sobre o manifesto, diálogo com movimentos estudantis e sociais, mapeamento de sindicatos e associações, contato com escolas e turmas do ensino médio e até busca por influenciadores.

"Todo mundo tem autonomia e pode auxiliar. Um professor, por exemplo, pode convidar um colega de outra instituição, e a mobilização foi crescendo", diz Borges.

"A leitura da carta em várias cidades tem o objetivo de mostrar que a sociedade está unida e que não vai tolerar que o Estado democrático de Direito não seja respeitado".

Para ajudar na difusão da mensagem, o comitê organizador estuda a produção de um vídeo com imagens das leituras da carta em diferentes localidades.

Na região Sudeste, atos pela democracia estão marcados em todas as quatro capitais.

Na cidade do Rio de Janeiro, a "Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito" deverá ser lida às 11h30 nas faculdades de Direito da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) e PUC-RJ (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro) , simultaneamente ao ato em São Paulo.

Na PUC-RJ, que deverá concentrar o maior número de entidades representativas da sociedade civil, são esperadas pelo menos 500 pessoas, de acordo com Marcelo Nogueira, membro da coordenação executiva nacional da ABJD (Associação Brasileira de Juristas pela Democracia), que ajuda a organizar as manifestações na cidade.

No período da manhã, a prioridade será a leitura do manifesto. Depois, deverão ocorrer diferentes atividades, como um debate sobre lawfare (uso da lei para perseguição política) na Uerj.

À tarde, centrais sindicais promoverão uma marcha que sairá da Candelária rumo à Cinelândia, na região central do Rio.

Em Belo Horizonte, a carta será lida na Faculdade de Direito da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Também está prevista uma passeata no período da tarde, que deve percorrer o caminho entre as praças Afonso Arinos e Sete de Setembro.

A partir das 19h serão feitas leituras de poesias e poemas sobre democracia na Casa do Jornalista, um espaço cultural multiuso.

No Nordeste, os atos devem acontecer em todos os nove estados. Em Fortaleza, a concentração terá início às 9h na praça da Bandeira, no centro da cidade, em frente à Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará.

O professor de direito internacional público da Unifor (Universidade de Fortaleza), Marcelo Uchôa, espera uma adesão expressiva ao ato, com a participação de 10 mil a 15 mil pessoas.

Após a leitura da carta, a organização também planeja uma marcha pelas ruas do centro. Ainda estão previstas manifestações artísticas com música e teatro.

Segundo Uchôa, organizadores do ato em Fortaleza negociam a exibição de vídeos com manifestações pró-democracia com o cantor Falcão e o ator Silvero Pereira, o personagem Zaquieu da novela Pantanal, da TV Globo.

"Quando houve a passeata dos 100 mil no Rio, em 1968, por exemplo, Fortaleza também foi palco de manifestação expressiva, que reuniu cerca de 10 mil pessoas. A cidade tem tradição em mobilizações e não poderia ficar de fora de um momento tão importante quanto o atual", diz Uchôa, que também faz parte da Comissão da Memória, Verdade, Justiça e Defesa da Democracia da OAB do Ceará.

No Recife, a carta deverá ser lida nas escadarias da Faculdade de Direito da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), palco de manifestações pela democracia durante o período do regime militar.

No local, também deverá ser lido um manifesto redigido por professores do estado.

"Pela tradição e história da instituição no combate à ditadura, docentes da faculdade de Direito do Recife também decidiram se manifestar publicamente a favor da democracia e pela integridade do sistema de votação. Foi daí que nasceu a nossa carta, firmada por professores, servidores e alunos", diz o vice-coordenador de ensino da faculdade de Direito da UFPE, Hugo Melo.

A região Sul terá atos pela democracia nos seus três estados. Em Porto Alegre, organizadores negociam a manifestação em vídeo do ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) e da Defesa Nelson Jobim, que já assinou a carta aos brasileiros.

O plano é exibir o material na Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Na região Norte, a leitura da carta pela democracia será feita em universidades federais do Amazonas e do Pará.

No Centro-Oeste, atos estão confirmados em Brasília.

Segundo organizadores, universidades, faculdades de direito e centros acadêmicos que aderiram à carta vão receber sinal para transmissão ao vivo do evento em São Paulo nos campi.

Além das manifestações pró-democracia lideradas por estudantes, movimentos sociais de esquerda que organizaram atos nacionais contra Jair Bolsonaro (PL) nos últimos anos decidiram passar para quinta a retomada das manifestações de rua. Inicialmente, a data era 6 de agosto.

A mudança foi feita para coincidir com a data de divulgação de manifestos contra ataques que o presidente tem feito às urnas eletrônicas e ao sistema eleitoral.

Manifestações pela democracia estão previstas também fora do Brasil. Em Nova York, um ato deve acontecer na organização que trabalha com movimentos sociais The People's Forum, segundo a advogada Raquel Preto, do grupo Prerrogativas e uma das responsáveis pela organização e difusão dos atos que serão realizados na quinta.

Até dia 11, os organizadores do manifesto que surgiu a partir de ideia de ex-alunos do largo de São Francisco esperam ultrapassar a marca de um milhão de assinaturas em apoio à democracia e à lisura do processo eleitoral brasileiro.

Veja atos pela democracia organizados por movimentos sociais marcados para quinta-feira (11)

AL:

Maceió: Praça Centenário, 8h

AM:

Manaus: Praça da Saudade, 15h

BA:

Salvador: Praça do Campo Grande, 9h

CE:

Fortaleza: Praça da Bandeira, 9h

DF:

Brasília: Congresso Nacional, 15h

ES:

Vitória: Praça Costa Pereira, 10h

GO:

Goiânia: Praça Universitária, 17h

MA:

São Luís: Praça Deodoro, 16h

MG:

Belo Horizonte, Praça Afonso Arinos, 17h

MS:

Campo Grande: Câmara Municipal, 10h.

MT:

Cuiabá: Liceu Cuiabano, 19h.

PA:

Belém: Mercado de São Braz, 17h

PB:

Campina Grande: Praça da Bandeira, 15h

João Pessoa: Lyceu Paraibano, 14h

PE:

Recife: Rua da Aurora, 15h

PI:

Teresina: Praça Rio Branco, 8h30

PR:

Curitiba: Praça Santos Andrade, 18h30

RJ:

Rio de Janeiro: Candelária, 16h

RN:

Natal: Midway, 14h30

RR:

Boa vista: Maluquinha do Insikiran, 16h30

RS:

Porto Alegre: Colégio Julio de Castilhos, 8h

Porto Alegre: Direito UFRGS, 10h

Porto Alegre: Palácio Piratini, 12h

SC:

Florianópolis: Praça da Alfândega, 17h

SE:

Aracaju: Praça Getúlio Vargas. Bairro São José, 15h.

SP:

Campinas: Largo do Rosário, 10h

Santos: Praça dos Andradas, 10h

São Paulo: MASP, 17h

Ribeirão Preto: Esplanada do Teatro Pedro II, 17h

TO:

Palmas: UFT BLOCO C, 19h


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