SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A equipe de campanha de Fernando Haddad (PT) para o Governo de São Paulo minimizou a redução da sua vantagem nas intenções de voto em relação aos seus adversários, apontada na pesquisa Datafolha divulgada na quinta-feira (1º). O entorno do petista avalia que a diferença de Haddad sobre os rivais ainda é alta.
O Datafolha mostrou que o ex-prefeito paulistano marcou 35% das intenções de voto no levantamento mais recente, contra 38% na rodada anterior, enquanto Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Rodrigo Garcia (PSDB) subiram. O bolsonarista passou de 16% para 21%. O tucano, de 11% para 15%. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
O núcleo de Tarcísio viu nesses dados indícios de que o candidato está sendo mais reconhecido e aceito pelo eleitor paulista e de que o petista pode ter atingido um teto para o primeiro turno.
Já o entorno de Rodrigo apega-se à queda de rejeição ao tucano, que figurou em 16% na pesquisa atual --era 20% na anterior--, e também ao aumento no índice de aprovação do governo estadual, que foi de 22% para 27%.
Para a campanha de Haddad, era esperado que os seus dois principais rivais cresceriam com a maior exposição proporcionada pelo horário eleitoral na televisão e no rádio. A marca do petista no Datafolha de quinta, no entanto, foi surpreendente para alguns aliados, que esperavam que ele pontuasse entre 39% e 41% no levantamento.
A pesquisa também mostrou piora no segundo turno para Haddad. Hoje, o petista venceria o bolsonarista por 51% a 36% -uma diferença de 15 pontos percentuais. Na pesquisa anterior, a distância era maior, de 22 pontos, quando o ex-prefeito marcou 53% e o ex-ministro, 31%.
Em uma eventual disputa contra Rodrigo no segundo turno, Haddad seria vitorioso por 48% a 38%. A diferença (agora de 10 pontos) também caiu: era de 19 pontos antes, quando o petista registrou 51% e o tucano, 32%.
A campanha de Haddad tem batido mais pesado em Rodrigo Garcia, visto como mais perigoso no segundo turno, percepção que é amparada pela pesquisa. A ideia é explorar o vínculo de Rodrigo com João Doria (PSDB), que saiu do cargo de governador com alta rejeição.
No programa eleitoral de rádio de Haddad, uma vinheta reforçava essa questão. Tarcísio é alvo de ataques pontuais nas declarações do petista, como quando, em um evento na quinta, o ex-ministro foi classificado como representante do centrão.
O núcleo duro da chapa do ex-ministro comemorou o crescimento do candidato no Datafolha mais recente. Nota oficial da equipe do bolsonarista afirma que o resultado é "mais um sinal do acerto de estratégia da campanha e do fortalecimento do candidato, que vem sendo apresentado agora também por meio de rádio e TV no horário eleitoral e mostra alta taxa de conversão de votos".
Mas interlocutores dele atribuem o crescimento dele também à presença do presidente Jair Bolsonaro (PL) em materiais de campanha e em eventos do ex-ministro pelo território paulista.
Apesar da alta rejeição que o presidente tem entre o eleitorado paulista (51% não votaria nele, de acordo com o Datafolha), o núcleo de Tarcísio identificou que o ex-ministro era desconhecido inclusive entre os eleitores de Bolsonaro na esfera federal.
A estratégia adotada, então, foi a de apresentar o candidato para esse público e obter os votos desse estrato para levar o ex-ministro ao segundo turno, reforçando o fato de que o ex-ministro é o candidato do presidente ao Palácio dos Bandeirantes --apesar de uma ala mais aguerrida ao bolsonarismo já tê-lo chamado de traidor do presidente.
A pesquisa Datafolha, de acordo com interlocutores da campanha, mostra que o plano deu certo. Com isso, pretendem seguir na mesma toada de apresentar o candidato aos eleitores e colar a imagem do candidato à do chefe do Executivo federal, na tentativa de aumentar o índice de bolsonaristas que votarão nele.
Nos bastidores, porém, interlocutores do ex-ministro celebram o fato de Tarcísio ter crescido tão rápido e Rodrigo ter tido uma alta ainda morosa.
Para um interlocutor do ex-ministro, a estratégia do tucano de reforçar que não é "nem de direita nem de esquerda" na tentativa de escapar da polarização transformou ele em um produto insosso como outro "chuchu" -apelido dado ao ex-governador e ex-tucano Geraldo Alckmin (PSB), que teve baixíssima votação quando concorreu a Presidente da República em 2018.
Mas a abordagem relativamente neutra da campanha do tucano pode ser revista. Após uma sequência de resultados ruins em pesquisas, a campanha de Rodrigo reavalia abandonar o lema de candidato independente e partir para ataques, sobretudo contra Tarcísio. No entanto, ainda não há consenso do próprio candidato.
A esperança entre os tucanos é que o tempo de TV de Rodrigo, de 4 minutos e 18 segundos no horário eleitoral, o maior entre os adversários, faça a diferença a seu favor. Por isso, Rodrigo aposta na proposta de se apresentar à população.
Segundo o Datafolha, o atual governador é conhecido por 49% dos paulistas, enquanto Tarcísio é reconhecido por 50%, antes, os dois tinham 35%. Já Haddad é conhecido por 92%, uma mudança pequena em relação à pesquisa anterior, quando ele tinha 89% de índice de conhecimento.
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