SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Em nova propaganda na TV para conquistar o voto das mulheres, o presidente Jair Bolsonaro (PL) usou nesta terça-feira (13) uma gafe do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre violência doméstica e voltou a exaltar a primeira-dama Michelle.

A peça publicitária inicia com Lula afirmando que, no seu governo, as mulheres eram tratadas com respeito. A cena seguinte mostra trecho de um discurso recente em que o petista diz: "Quer bater em mulher? Vá bater em outro lugar, mas não dentro da sua casa".

Na ocasião da gafe, em comício no Vale do Anhangabaú, em São Paulo, Lula condenava a violência doméstica.

A frase completa, com o escorregão e que não aparece na propaganda de Bolsonaro, é a seguinte: "Vá bater em outro lugar, mas não dentro da sua casa ou no Brasil, porque nós não podemos mais aceitar isso".

No vídeo do PL, que estreia no horário eleitoral nesta terça (13), a campanha mostra o equívoco de Lula a três eleitoras, que criticam a fala. "Imagina se fosse a mãe dele, a irmã dele", diz uma mulher. "Eu acho que Lula nem deveria ter saído da cadeia", afirma outra.

Na mesma propaganda eleitoral, em seguida, a locutora diz que Bolsonaro protagonizou "uma das mais belas cenas de valorização da mulher, quebrando todos os protocolos" ao ceder espaço à Michelle durante a posse presidencial em janeiro de 2019.

Michelle fez um discurso em Libras, antes do marido, e o grande destaque dado a ela gerou a expectativa de que seria politicamente atuante no mandato de Bolsonaro. Ela voltou a aparecer, entretanto, só na campanha deste ano, no cenário de alta rejeição feminina ao candidato à reeleição.

Bolsonaro tem 29% das intenções de voto (contra 46% de Lula) e é visto por 51% dos eleitores como o presidenciável que mais ataca as mulheres, de acordo com a última pesquisa Datafolha.

As mulheres têm sido centrais nas disputas presidenciais e estaduais, aparecendo nas propagandas de televisão e em atos públicos.

A campanha de Bolsonaro tenta minimizar a imagem machista do presidente dando voz à Michelle, que desde a convenção que oficializou a candidatura dele faz discursos com apelo religioso e troca demonstrações de carinho com o marido.

A socióloga Rosângela da Silva, a Janja, casada com Lula, também é frequente em eventos políticos e aparece na propaganda televisiva do PT.

"Sabemos das dificuldades que nós mulheres enfrentamos atualmente. São milhões de mulheres endividadas para poder levar alimentos para suas famílias", disse em uma das peças.

Para Bolsonaro, a dificuldade para conquistar o voto das eleitoras cresceu após o primeiro debate, organizado por Folha de S.Paulo, Uol, Band e TV Cultura, em que ele atacou a jornalista Vera Magalhães e a candidata do MDB, Simone Tebet.

Depois disso, também insultou a jornalista Amanda Klein, durante sabatina na Jovem Pan, e capturou o momento da celebração do bicentenário da Independência para puxar o coro de que é "imbrochável".

Já Lula cometeu gafes ao tentar abraçar a linguagem inclusiva para conversar com minorias políticas. Um dos problemas é um termo com conotação sexual no bordão de ter 76 anos, mas "tesão de 20".

Na peça desta terça, o PL elenca feitos de Bolsonaro para as mulheres durante seu mandato, como a sanção das leis Mariana Ferrer e da violência psicológica, além do registro do no nome das mulheres em títulos de terra.

"Se para alguns parece estranho que Jair tenha feito tanta coisa pela proteção das mulheres é porque não conhecem o presidente", diz Michelle na propaganda.

A locutora tenta suavizar sua imagem ao dizer que "não é com discurso que o Jair demonstra respeito com as mulheres, é com realizações".


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