BRASÍLIA, DF, E RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - A campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) articula um movimento com artistas para tentar atrair eleitores de Ciro Gomes (PDT) já no primeiro turno.

A ação, capitaneada pelos aliados do candidato, conta com a ajuda da empresária Paula Lavigne, mulher de Caetano Veloso.

A ideia é lançar uma série de vídeos de personalidades que no passado se declararam simpáticas ao pedetista, mas que agora dizem que devem votar em Lula em defesa da democracia.

Segundo Lavigne, o plano vem sendo montado em parceria com a socióloga Rosângela Silva (a Janja), mulher de Lula, Sidônio Palmeira, marqueteiro da campanha, e Edinho Silva, coordenador de comunicação. O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) também tem auxiliado na estratégia.

A intenção, de acordo com Paula Lavigne, é fazer peças segmentadas por áreas de atuação e faixas etárias.

"O Caetano sempre foi Ciro, ele deu essa declaração que ele é Ciro de coração, mas vai votar no Lula. Sim, estou fazendo algum material para que isso possa repercutir mais. Estamos bolando alguma coisa que realmente bata nos corações", disse Lavigne.

"A outra linha da campanha não é brigar, não é ódio, é só amor. Eu acho que um vídeo do Caetano dizendo que ele tem muito amor pelo Ciro, mas que neste momento precisamos votar no Lula iria ter um impacto sobre esse eleitorado de Ciro", continuou a empresária.

A última pesquisa Datafolha mostrou o petista com 45% das intenções de voto, contra 34% de Bolsonaro. Trata-se da menor distância entre os dois desde maio de 2021.

Já Ciro Gomes (PDT) tem 7%, uma oscilação negativa de dois pontos em relação à semana anterior. Simone Tebet (MDB) manteve o patamar de 5%.

A avaliação na cúpula da campanha petista é que o voto de eleitores de Ciro será decisivo para uma eventual vitória no primeiro turno.

Ainda de acordo com o Datafolha, Lula teria hoje 48% dos votos válidos, no limite da margem de erro dos 50% mais um que são necessários para vencer na primeira etapa do pleito.

Há divergência, porém, sobre como atrair o voto do eleitor de Ciro. Aliados de Lula defendem que ele não ataque o pedetista, sob o receio de afastar simpatizantes de Ciro da campanha.

Na segunda-feira (12), integrantes da cúpula da campanha de Lula disseminaram um vídeo no qual o ex-jogador de futebol Raí declara apoio no ex-presidente. O atleta faz um apelo pela vitória do petista no primeiro turno.

"Ciro, Tebet, vem com a gente, sem medo de ser feliz. Vem colaborar, vem reconstruir, do lado certo e na hora certa. Ninguém solta a mão de ninguém. Depois a gente apara as arestas, antes que não tenham mais arestas para aparar", afirma o jogador na peça.

Nesta terça (13), Lula tratou do assunto em reunião com comunicadores. "Temos gravações extraordinárias de artistas. Ontem vi uma gravação do Raí excepcional. Precisamos que fazer que aquela gravação do Raí seja divulgado centenas de vezes", disse o petista.

De acordo com o Datafolha, 54% dos eleitores de Ciro e de Tebet admitem votar em outro candidato no dia 2 de outubro.

A divisão de segunda opção de voto para eleitores de Ciro é 33% para Lula, 30% para Bolsonaro, 14% para Tebet, 9% para Soraya Thronicke (União Brasil), 8% brancos e nulos e 6% que não sabem.

Em 1º de setembro, eram 35% para Lula e 24% para Bolsonaro. Em 18 de agosto, 34% a 20%.

Os eleitores voláteis de Tebet se dividem entre Lula (23%), Ciro (21%) e Bolsonaro (19%). Outros 10% preferem Soraya, enquanto brancos e nulos somam 18% e 7% não sabem.

Num eventual segundo turno entre Lula e Bolsonaro, porém, os eleitores de Ciro votam no petista em sua maioria (48%), ante 26% no presidente e 22% que declaram voto branco ou nulo.

Apesar da ofensiva pelos eleitores de Ciro, o próprio Lula admite as dificuldades de ganhar no primeiro turno.

Em evento para receber o apoio da ex-ministra Marina Silva (Rede), Lula interveio quando a nova aliada respondia como poderia se engajar na campanha do petista. Lula disse na ocasião que será preciso atrair o voto do próprio presidente.

"Não é só o voto do Ciro e da Simone. É também o voto dos que querem votar no Bolsonaro. Vamos ter que ganhar muito [voto] dele", disse o ex-presidente.


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