BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Pela terceira eleição consecutiva, o empresário Rubens Ometto figura como o principal doador individual de partidos e candidatos. Presidente do conselho de administração da gigante de energia, açúcar e álcool Cosan, Ometto destinou até agora R$ 5,75 milhões a 25 candidatos e partidos.

O empresário doou recursos a concorrentes de vários partidos, incluindo o PT, mas os valores mais expressivos foram para políticos de centro e de direita que compõem o arco de alianças de Jair Bolsonaro (PL).

A principal doação feita por Ometto a um candidato, R$ 200 mil, foi direcionada para Tarcísio de Freitas (Republicanos), candidato de Bolsonaro ao Governo de São Paulo.

O empresário financiou ainda, com valores menores, outros três ex-ministros de Bolsonaro: Onyx Lorenzoni (PL-RS), Tereza Cristina (PP-MS) e Ricardo Salles (PL-SP).

As principais doações de Ometto foram para o diretório nacional do PSD (R$ 2 milhões) e para o diretório da Paraíba do PP (R$ 1,5 milhão). Parte dessa última contribuição foi repassada pelo PP à campanha de Bolsonaro (R$ 1 milhão).

O candidato do PT financiado pelo empresário é o deputado federal Carlos Zarattini (SP), com R$ 100 mil.

Ometto lidera o ranking de doações privadas a partidos e candidatos desde o pleito de 2018, quando doou R$ 7,5 milhões. Nas eleições municipais de 2020, ele também figurou no topo, com repasses de R$ 2,6 milhões (os valores não foram corrigidos).

Por meio de sua assessoria, a Cosan afirmou que "as doações eleitorais feitas por Rubens Ometto Silveira Mello são realizadas em caráter pessoal e seguem as regras estabelecidas pelo Tribunal Superior Eleitoral e demais normas aplicáveis".

Terminou nesta terça-feira (13) o prazo para que candidatos e partidos apresentassem à Justiça Eleitoral a prestação de contas parcial da campanha, com a discriminação de todas as suas receitas e despesas até o momento.

Ao todo, 16 empresários aparecem como tendo feito doações individuais de mais de R$ 1 milhão.

Atrás de Ometto, está Alexandre Grendene, que com o irmão Pedro liderou o ranking de doações em 2016.

Agora, as doações de Grendene somam R$ 3,6 milhões para cinco candidatos, em especial Roberto Argenta (PSC), que disputa o Governo do Rio Grande do Sul, e os candidatos do PT ao governo (Elmano de Freitas) e ao Senado (Camilo Santana) no Ceará, além de Capitão Wagner (União Brasil), que também disputa o Governo do Ceará.

A reportagem não conseguiu falar com Grendene nesta quarta-feira.

O terceiro no ranking é José Salim Mattar Jr., fundador da empresa de aluguel de veículos Localiza, ex-secretário de Desestatização do governo Jair Bolsonaro e que também figura na lista dos principais doadores de campanha desde 2016.

Salim direcionou até agora R$ 3,2 milhões a 29 candidatos, em especial do partido Novo e do PL, como Ricardo Salles.

Em nota, o empresário afirmou que "o estado é gigantesco, pesado, burocrático, lento e oneroso" e que é necessário fazer uma transformação do Brasil "que hoje é fruto das políticas sociais-democratas e de esquerda que deixaram como legado um país com enorme pobreza e com grupos de interesse privilegiados".

"Salim Mattar não é afiliado a nenhum partido, mas está apoiando predominantemente, mas não exclusivamente, candidatos a governador, senador, deputado federal e deputado estadual pelo partido Novo, de cujos valores liberais compartilha e que renunciou ao uso de verba do fundo eleitoral", acrescentou, ressaltando que escolheu aqueles engajados às ideias liberais.

As campanhas políticas no Brasil eram financiadas majoritariamente por empreiteiras, bancos e outras grandes empresas até o ano de 2014, quando o gasto declarado pelos candidatos ficou em torno de R$ 5 bilhões (valor da época), com cerca de 60% saídos dos cofres de empresas como JBS, Odebrecht e Bradesco.

Em 2015, o Supremo Tribunal Federal proibiu as doações empresariais sob o argumento de que o poderio econômico desequilibrava a correlação de forças nas eleições.

Apesar da decisão, há brechas que possibilitam a participação legal de empresas nas campanhas.

Primeiro, o limite de doação de pessoas físicas atrelado aos rendimentos do doador (10%), o que permite cidadãos com altos ganhos direcionarem volumes consideráveis para as campanhas.

Além disso, executivos de uma mesma empresa podem fazer doações em conjunto, o que foi verificado nas eleições desde então. Há ainda o financiamento ilegal, o chamado caixa dois, que é a injeção de dinheiro na campanha sem conhecimento da Justiça Eleitoral.

Em 2017, o Congresso criou o fundão eleitoral, que começou distribuindo R$ 1 7 bilhão em 2018 e, atualmente, saltou para R$ 5 bilhões, tornando os cofres públicos a principal fonte de financiamento das campanhas.

Até o momento, as doações privadas às campanhas somam R$ 312 milhões, valor puxado por executivos de grandes e médias empresas. Em 2018, o valor privado (não corrigido) em toda a campanha foi de R$ 561 milhões.


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