SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O temor de que haja violência política no dia da eleição, hipótese considerada de grande probabilidade por 40% dos eleitores, pode afastar até 9% das pessoas das urnas no dia 2 de outubro.

É o que apurou o Datafolha em sua nova pesquisa nacional, em que ouviu 5.926 pessoas em 300 cidades, de 13 a 15 de setembro. A margem de erro é de dois pontos percentuais, considerando um intervalo de confiança de 95%.

O tema, que não é inédito como a facada contra Jair Bolsonaro (PL) em 2018 e outros episódios mostram, entrou no radar de candidatos e partidos há meses, devido à exacerbação da polarização política. Particularmente, devido ao discurso mais agressivo de figuras ligadas ao bolsonarismo.

Houve ao menos dois casos recentes de morte de militantes petistas em discussões com apoiadores do presidente, e inúmeros episódios de animosidade e violência de lado a lado.

Há também registro de ameaças feitas a pesquisadores de institutos de sondagem eleitoral no exercício de seu trabalho, além de episódios como o da agressão verbal de um deputado estadual bolsonarista contra uma jornalista nesta semana.

Com efeito, é bem maior entre eleitores de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o líder da corrida com 45% de intenções de voto no primeiro turno, o índice daqueles que consideram não ir à seção eleitoral: 10%, ante 5% de quem diz votar em Bolsonaro. O presidente teve 33% de preferências nesta pesquisa.

O temor de violência tem sido usado inclusive por apoiadores do ex-presidente para pedir voto útil a eleitores de Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB), que estão empatados em terceiro lugar na corrida. Por essa lógica, encurtar a disputa reduziria o risco de a situação sair de controle.

Entre aqueles que acham que é grande a chance de violência, o índice é maior entre mulheres (45%) do que entre homens (35%). Também acreditam mais nisso eleitores de Lula (50%, ante 14% que não creem na hipótese) do que de Bolsonaro (26%, enquanto 29% não acham). No corte regional, apenas os moradores do Sul destoam: lá, onde estão 14% dos ouvidos pelo Datafolha, 33% acreditam que a chance é grande.

Avaliam que o risco é médio 27% dos ouvidos, enquanto 11% dizem ser pequeno e 19%, inexistente. Outros 3% não souberam dizer.

O levantamento foi contratado pela Folha de S.Paulo e pela TV Globo e está registrado no Tribunal Superior Eleitoral com o número BR-04099/2022.


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