SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A reta final da campanha dos candidatos ao governo paulista será marcada pela aposta em eventos com padrinhos políticos e muito corpo a corpo com o eleitorado nas ruas.

O quadro mostra que a disputa será acirrada entre Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Rodrigo Garcia (PSDB) por uma vaga no segundo turno contra Fernando Haddad (PT).

De acordo com o Datafolha, Haddad mantém a liderança com 34%, Tarcísio vem atrás com 23%, seguido por Rodrigo, com 19%.

Estrategistas de Haddad viram estabilidade nos números do Datafolha, já que a variação de dois pontos para baixo na intenção de votos se deu dentro da margem de erro. Essa trajetória desde agosto, no entanto, é de queda, enquanto a trajetória da rejeição é de alta, tendo alcançado o maior patamar, com 39%.

A equipe do petista não acredita que a rejeição, contudo, poderá impedir sua vitória. A aposta é que as rejeições de Tarcísio e de Rodrigo também irão crescer, já que eles são menos conhecidos do que o ex-prefeito.

Para a última semana, o PT prevê um debate em que Haddad se contraponha tanto a Tarcísio como a Rodrigo, embora o foco principal do petista venha sendo o governador, visto como adversário mais perigoso no segundo turno. A ideia é martelar propostas em áreas sensíveis como emprego e segurança.

Haddad também investirá em eventos de campanha com Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Geraldo Alckmin (PSB).

No fim de semana que antecede as eleições, o petista tem comícios com Lula. Já na próxima semana a previsão é de incursões ao interior, com a presença de Alckmin, aposta do petista para conquistar o eleitorado mais conservador.

Uma das principais apostas será viagem ao Vale do Paraíba, ao lado de Alckmin, com passagem pela terra natal do ex-governador, a cidade de Pindamonhangaba. Essa etapa também inclui São José dos Campos, Taubaté e Aparecida.

Na última semana de campanha, membros da equipe de Tarcísio também afirmam que ele intensificará o contato com os eleitores por meio de viagens e de entrevistas.

Interlocutores dizem que a estratégia é continuar apresentando o perfil técnico dele como uma marca registrada. Aliado a isso, a presença do presidente Jair Bolsonaro (PL) na campanha será intensa -está previsto ao menos mais um evento na companhia de seu padrinho, além da motociata feita no sábado (24), em Campinas (SP).

O resultado do Datafolha foi visto como positivo e esperado pela campanha de Tarcísio. "Acreditamos que, nos próximos dias, haverá a cristalização dos votos em direção ao nosso candidato, consolidando ainda mais o cenário de presença no segundo turno já apresentado nesta pesquisa", afirma o vice na chapa, Felício Ramuth (PSD).

Ataques a outros candidatos serão avaliados caso a caso, de acordo com estrategistas da chapa de Tarcísio. Na leitura deles, o tucano Rodrigo Garcia foi para "o tudo ou nada" e agora está "atirando para todos os lados". Um dos interlocutores do bolsonarista diz que responderão "somente quando for necessário".

Os aliados do ex-ministro da Infraestrutura minimizam os tropeços recentes dele na campanha, como não saber indicar o colégio que vota em São José dos Campos (SP) e ter gravado um vídeo de apoio ao ex-presidente Fernando Collor (PTB), que disputa o Governo de Alagoas.

A respeito de Collor, afirmam que a pesquisa Datafolha não captou impacto negativo, dado que o vídeo foi divulgado na sexta (16), e o levantamento, feito de terça (20) a quinta (22), mostra que ele variou um ponto para cima.

Já em relação à gafe sobre o local de votação, que foi explorada pelos adversários nas redes sociais como um recibo de forasteiro, políticos do entorno de Tarcísio afirmam que não se trata de um fato negativo que comprometa sua moral ou fama de administrador experiente.

O núcleo da campanha diz ainda que Tarcísio é o mais preparado e aposta que o debate da TV Globo, na terça (27), servirá para elencar suas propostas. A atração é vista como importante por sua audiência, o que ajudaria a consolidar a imagem do ex-ministro e a conseguir votos de eleitores que ainda estão desconectados do pleito e deixam a decisão para a reta final.

A estratégia de só atacar se for atacado deve ser colocada em prática no debate, diz um interlocutor. O bolsonarista mirou em Rodrigo nos debates anteriores, algo que seus conselheiros atribuem ao fato de o tucano ser o governador -e não ao embate direto entre eles por uma vaga no segundo turno.

A tática da equipe de Rodrigo para a última semana envolve sangue frio e sangue no olho, de acordo com um integrante. Isso porque o governador está atrás de Tarcísio na pesquisa Datafolha, o que o tiraria do segundo turno.

Os aliados apostam que haverá uma virada na próxima semana e que a população ainda não está dando atenção à corrida de governadores, apenas de presidente. Por isso, dizem, é preciso ter paciência.

A cúpula da campanha teve reuniões após a divulgação do Datafolha para avaliar o resultado e consolidar as estratégias para a última semana da corrida eleitoral. Havia uma expectativa que o tucano apresentasse um desempenho melhor na pesquisa desta quinta (22), isto é, que ao menos subisse dentro da margem de erro.

Também esperavam que, com as críticas feitas aos aliados de Tarcísio no horário eleitoral e os burburinhos com o vídeo em que o ex-ministro de Bolsonaro exalta Collor, o candidato do Republicanos perdesse alguns pontos.

No entanto, os tucanos vislumbram um cenário de indefinição entre Rodrigo e Tarcísio. Como prova disso, eles se apegam à pesquisa espontânea que mostra ainda que 37% ainda podem mudar o seu voto.

Para virar esses votos, a campanha aposta na tática de colocar Rodrigo como candidato com boas chances de derrotar o PT no estado --o partido de Haddad nunca governou São Paulo.

Em outra frente, Rodrigo, que tem a máquina na mão, cobra o empenho da maioria dos prefeitos do interior com ações em suas respectivas cidades a seu favor. Haverá a distribuição de jornal com as obras realizadas pelo governador e de colinha, que ganhou importância com o veto ao celular nas urnas.

Além de carreatas e caminhadas pelo interior, Rodrigo deverá percorrer os quatro cantos da capital paulista na semana que vem.

"Estamos indo nas cidades grandes e médias. Nos municípios menores, estamos deixando para os prefeitos cuidarem. Estamos animados, a adesão de prefeitos é grande e isso vai ter reflexo nos últimos 10 dias", afirma o candidato ao Senado da chapa, Edson Aparecido (MDB).


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