SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A socióloga Rosângela Silva, a Janja, mulher do ex-presidente Lula (PT), postou no Twitter uma nova entrevista em que o presidente Jair Bolsonaro (PL) conta a história da visita que fez a uma casa em que estavam adolescentes venezuelanas, em 2020.
Na conversa com entrevistadores do podcast Collab, o presidente narra exatamente os fatos que revelou ao canal Paparazzo: ele diz que viu "meninas bonitinhas" em uma rua do Distrito Federal, pediu para entrar na casa delas e encontrou um ambiente de prostituição.
"Inacreditável que o 'presidente' já tenha exposto essas meninas venezuelanas, anteriormente em outra entrevista. A minha indignação só aumenta. O 'cidadão de bem' deveria ter denunciado se houvesse qualquer indício de exploração de menores. É essa proteção das famílias que ele prega?" escreve Janja na rede social.
Na entrevista ao Collab, Bolsonaro defende sua atitude de andar sem máscaras em plena epidemia de Covid-19.
"'O presidente sem máscara'. Deixa eu morrer, porra. Deixa eu morrer sem máscara, pô", afirma. Em seguida, ele narra a história das adolescentes venezuelanas. "Tem uma passagem minha, de 2020, vale a pena contar aqui."
"Eu estava, eu acho que é Paraíso o nome do... São Sebastião, em Brasília. Com a moto lá, segurança. Tinha lá o pessoal da segurança, etc. Eu parei numa esquina, tirei o capacete. Daí eu olhei para trás, tinha umas duas, três meninas bonitinhas, de uns 14, 15 anos de idade. Me chamou a atenção. Menina bonitinha, sábado, né? Mas por que me chamou a atenção? Eram parecidas. Eu vi que apareceu mais uma, mais outra. Eu desci da moto. 'Posso entrar [na casa em que elas estavam]?' Tinha umas 15 meninas dessa faixa etária, 14, 15, 16 anos", descreveu.
"Todas muito bem arrumadas, tinha tomado banho, estavam fazendo o cabelo. Venezuelanas. Estavam se arrumando para quê? Alguém tem ideia? Quer que eu fale? Eu vou falar: para fazer programa", seguiu o presidente. "Vocês acham que elas queriam fazer isso? Qual era a fonte de sobrevivência delas? Essa."
A exploração da narrativa de Bolsonaro por apoiadores de Lula abalou a campanha do presidente.
Na entrevista anterior, ao Paparazzo, ele disse que, quando viu as meninas, "pintou um clima", e por isso desceu para conversar com elas. Opositores associaram a frase à pedofilia.
Além disso, a informação de Bolsonaro de que as meninas se prostituíam foi desmentida por mulheres que estavam no local. Elas narraram ao UOL que, naquele dia, um projeto social envolvendo treinamento de cabeleireiras e maquiadoras fazia um evento com as adolescentes, que estavam se arrumando.
No mesmo dia da divulgação da primeira entrevista, a campanha de Bolsonaro reagiu nas redes sociais e acionou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para impedir que o PT e seus aliados sigam divulgando o vídeo.
O ministro Alexandre de Moraes acatou o pedido, mas o PT recorreu.
O impacto negativo levou a senadora eleita Damares Alves e a primeira-dama Michelle Bolsonaro a procurarem as entidades que têm ligação com o projeto. As famílias exigiram a retratação de Bolsonaro.
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