SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Entre ataques pesados, desmentidos e direitos de respostas, os presidenciáveis Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) apresentaram, cada, cerca de 25 propostas na propaganda eleitoral da televisão e do rádio durante o segundo turno.
Ambos miraram a economia nas promessas. Mais de um terço do prometido em futuro mandato está relacionado à melhoria na vida da população, com crescimento econômico e benefícios sociais.
A Folha de S.Paulo levou em consideração promessas feitas durante as propagandas eleitorais de Lula e Bolsonaro no rádio e na televisão no segundo turno.
A disputa acirrada levou à potencialização de algumas metas, que cresceram em valor ao longo da campanha -sem que a viabilidade financeira delas fosse detalhada.
Um aumento do Auxílio Brasil foi prometido. Bolsonaro, que desde o início dizia que o benefício seria mantido no valor de R$ 600 para 2023, turbinou o valor na reta final do pleito. Na TV, disse que prevê uma espécie de 13º às mulheres beneficiadas.
Três dias depois, sua campanha acrescentou R$ 200 para quem recebe o auxílio e começa a trabalhar. No total, o valor poderia chegar a R$ 800 para quem conseguisse emprego.
Bolsonaro não explicou de onde sairá o recurso para o aumento, gerando questionamento de Lula, que apontou que o valor do Auxílio Brasil veiculado na TV não está previsto no Orçamento de 2023 já enviado ao Congresso.
Além de questionar a promessa do adversário, Lula também fez do programa social uma de suas principais bandeiras. Ele diz que vai manter o valor de R$ 600, e prometeu às famílias adicional de R$ 150 para cada filho de até seis anos.
Projetos para socorrer e aumentar o crédito a pequenos e médios empresários e a ampliação da isenção do Imposto de Renda também foram propostas dos dois candidatos.
Na TV, em 10 de outubro, Lula prometeu isenção do IR a quem ganha até R$ 5.000. Três dias antes, a equipe do PT havia afirmado que a faixa de isenção iria para quem recebe até R$ 3.000. Hoje a faixa de isenção é de até R$ 1.903,98.
Bolsonaro já havia prometido que aprovará isenção para quem ganha até R$ 6.000. Em 2018, fez proposta semelhante e não a cumpriu.
Os candidatos não disseram como recuperarão as receitas perdidas com a prometida isenção no IR a partir de 2023.
Na habitação, o programa Casa Verde e Amarela, antigo Minha Casa Minha Vida, inflou nas falas de Bolsonaro.
Primeiro, prometeu construir 1,5 milhão de casas populares. O número subiu para 2 milhões nove dias depois e para 6 milhões após mais quatro dias.
Mas reportagem da Folha de S.Pauloe questiona a viabilidade do plano, pois o Orçamento do próximo ano destinou mais recursos para construção de uma escola militar em São Paulo do que para o programa habitacional.
Tema caro aos seus eleitores, a segurança foi pauta de promessas de Bolsonaro. Ele afirmou que, com a nova composição do Legislativo, reduzirá a maioridade penal de 18 para 16 anos. E que vai extinguir as saídas temporárias dos detentos.
Lula entrou menos no assunto. Disse que vai investir, com recursos federais, em câmeras corporais para as polícias de todos os estados, além de recriar o Ministério da Segurança Pública, extinto por Bolsonaro ao unificá-lo com a Justiça.
A saúde foi tema de propostas dos candidatos. Lula anunciou cinco prioridades: um mutirão para zerar as filas de exames, acelerar os atendimentos, recuperar o plano nacional de imunização, retomar o investimento no programa Farmácia Popular e aumentar a oferta de exames para câncer de mama.
Já Bolsonaro disse que irá contratar 15 mil médicos e criar um sistema de telemedicina e prontuário eletrônico unificado, inclusive com o programa Farmácia Popular, para, segundo ele, agilizar as consultas e o recebimento de remédios.
Bolsonaro não citou nenhuma proposta diretamente relacionada ao combate da desigualdade de gênero. O petista prometeu esforços para consolidar a paridade salarial em questão de gênero, além da criação de um ministério para a mulher e de leis mais duras contra a violência de gênero.
CANDIDATOS GASTAM R$ 46 MI NAS REDES E MIRAM EVANGÉLICOS
As campanhas de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de Jair Bolsonaro (PL) apostam em propagandas direcionadas na internet para atingir bolhas e tentar ampliar o eleitorado na reta final do pleito. Os alvos são variados e vão de torcedores de futebol a trabalhadores no campo.
A equipe de Bolsonaro escolheu os flamenguistas para entregar publicações impulsionadas no Facebook e no Instagram, redes do grupo Meta. Lula focou os evangélicos e grupos que se identificam com costumes da família.
Nas últimas semanas, usuários de redes sociais vêm sendo bombardeados com propagandas segmentadas em grupos divididos por idade, gênero, raça, credo, localização geográfica, interesses e padrões comportamentais.
Juntas, as duas campanhas gastaram mais de R$ 46 milhões em anúncios na internet até terça (25). Cerca de 90% dos investimentos foram no sistema de anúncios do Google, que reúne informações do site de buscas e do YouTube. As propagandas nas redes sociais da Meta completam o montante.
Com o impulsionamento de conteúdo político na internet, previsto na legislação eleitoral, os partidos conseguem criar múltiplas campanhas para um único candidato.
Os dados são da plataforma de análise da Meta e do sistema de anúncios do Google -únicas redes que permitem anúncios pagos no Brasil.
Até terça-feira , a campanha de Lula tinha investido mais de R$ 19,6 milhões em propagandas na internet. Ao menos três páginas do Facebook e do Instagram tiveram suas publicações impulsionadas.
Páginas com o nome Evangélicos com Lula foram criadas no Facebook e no Instagram para aproximá-lo do público tradicionalmente alinhado com Bolsonaro. Mais de R$ 359 mil foram investidos em 120 anúncios.
Como parte da estratégia petista, a página teve anúncios direcionados para fãs da cantora gospel Priscilla Alcantara, que passaram a ver os anúncios de Lula na linha do tempo. Priscilla tem mais de 6 milhões de seguidores no Instagram e declarou apoio ao petista no dia da votação do primeiro turno.
Um dos vídeos impulsionados pela página exibe a deputada federal eleita Marina Silva (Rede-SP) confrontando Bolsonaro durante um debate na disputa presidencial de 2018. Um provérbio bíblico acompanha a gravação. Evangélica, Marina também declarou apoio a Lula na disputa contra Bolsonaro.
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