GOIÂNIA, GO (FOLHAPRESS) - O governador Ronaldo Caiado (União Brasil) foi reeleito no primeiro turno neste domingo (2) para comandar por mais quatro anos o estado de Goiás, projeta o Datafolha.
Durante o período eleitoral, Caiado fez malabarismo para manter os votos do seu eleitorado tradicional, que tem o bolsonarismo como ponto em comum, e não deixou a sua campanha ser atingida pelo distanciamento do presidente.
Além da senadora Soraya Thronicke, candidata do União Brasil à presidência, Ciro Gomes (PDT) foi o único presidenciável que sinalizou apoio à reeleição do governador, durante visita a Trindade, na região metropolitana, no dia 17 de setembro.
"Se eu votasse em Goiás, votaria no Ronaldo Caiado", disse o pedetista, na ocasião.
Em abril deste ano, o governador chegou a ser vaiado e ter discurso interrompido por eleitores, em Rio Verde, no sudeste goiano, durante evento com a presença do presidente, de quem se distanciou em março de 2020. Durante o encontro no estado, houve gritos "fora, Caiado".
Sem apoio de Bolsonaro, de quem era aliado de primeira hora, Caiado, que é médico, e Bolsonaro se distanciaram depois de o governador dizer, publicamente, que não admitia discurso contra as orientações das autoridades sanitárias durante a pandemia da Covid-19.
Ao longo do período eleitoral, Caiado conseguiu se manter em alta diante da oposição enfraquecida e dividida no estado, apesar de os principais concorrentes do governador também serem da mesma ala ideológica dele. O ex-prefeito e o deputado federal disputaram votos do bolsonarismo.
Caiado conseguiu a aliança do MDB, que lançou a vice da coligação o nome de Daniel Vilela. Ele é filho do ex-governador Maguito Vilela, que morreu de Covid-19 aos 71 anos, em janeiro de 2021, e apadrinhado político do ex-governador e ex-prefeito de Goiânia Iris Rezende, que morreu aos 87, em setembro do ano passado, após um AVC (Acidente Vascular Cerebral).
Nestas eleições, Caiado declarou R$ 24,8 milhões em patrimônio no registro de sua candidatura à reeleição no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). O valor é pouco mais de três vezes maior que o declarado em 2018, quando chegou ao Palácio das Esmeraldas. À época, ele informou bens no valor de R$ 8,1 milhões (R$ 10,3 milhões, corrigido pela inflação do período).
Em nota explicativa ao TSE, Caiado disse que o aumento do patrimônio ocorreu pela venda de uma fazenda de 2,8 mil hectares em Mozarlândia, a 300 quilômetros de Goiânia. A fazenda foi herança de sua mãe, Maria Xavier Caiado. O imóvel foi vendido por R$ 15 milhões em 2020. Com o valor, foram adquiridas outras fazendas em Guarani e Mara Rosa, o que explica também o aumento no número de imóveis declarados.
Nascido em Anápolis, a 55 km quilômetros da capital, o político foi candidato à Presidência em 1989 pelo antigo PSD, mas não chegou ao segundo turno do pleito, que elegeu Fernando Collor de Mello. No ano seguinte, foi eleito para seu primeiro mandato na Câmara dos Deputados, onde atuou de 1991 a 1995 e de 1999 a 2014.
No Legislativo, Caiado votou contra a PEC do Trabalho Escravo, aprovada em maio de 2012, em segundo turno de votação. Dois anos depois, foi eleito senador por Goiás e passou a defender a redução da maioridade penal e o endurecimento das penas, assim como mais recursos para os representantes do agronegócio, em nome dos ruralistas.
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