BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - A próxima composição da bancada feminina ampliará a polarização da atual legislatura, com a eleição neste domingo (2) de novos nomes bolsonaristas e o crescimento da bancada de esquerda.

Assim como em 2018, o PT e o PL foram os campeões numéricos na eleição de mulheres, com 18 e 17 eleitas, respectivamente. Como as maiores bancadas da Casa, é esperado que haja um número alto de deputadas.

Os partidos repetem 2018, em que PT e PSL, então partido do presidente Jair Bolsonaro, foram os campeões de eleitas, com 10 e 9 parlamentares em suas bancadas. Proporcionalmente, porém, os dois partidos ficam muito abaixo da proporção populacional das mulheres.

Apesar de serem 52% dos brasileiros, na bancada petista há 26% de deputadas e, na bolsonarista, 17% de eleitas em relação ao número de cadeiras.

Dois partidos conseguiram eleger número igual de homens e mulheres: a Rede e o PC do B. O primeiro terá apenas dois deputados, a ex-ministra Marina Silva (SP) e o deputado Túlio Gadelha (PE). Já o PC do B conquistou seis cadeiras, sendo três deputadas e três deputados.

O único partido em que as mulheres serão maioria em 2023 é o PSOL, que elegeu sete deputadas contra cinco deputados.

No total, a esquerda contará com 34 deputadas, enquanto as bolsonaristas serão 26. Já os partidos de centro elegeram 31 parlamentares.

Na atual legislatura, a diversidade política da bancada faz com que temas como o aborto virem pontos de embate entre as eleitas. Membros da Comissão dos Direitos da Mulher da Casa, Sâmia Bomfim (PSOL-SP) e Chris Tonietto (PL-RJ) foram reeleitas.

Elas protagonizaram em junho uma discussão que viralizou nas redes sociais durante a votação de um pedido de homenagem à juíza Joana Ribeiro Zimmer, que tentou impedir uma menina de 11 anos de fazer um aborto legal em Santa Catarina. Tonietto, autora do requerimento, é considerada a principal antagonista do aborto na Casa.

A presidente da comissão, a bolsonarista Katia Sastre (PL-SP), não se reelegeu. A bancada feminina, aliás, terá renovação expressiva. Das 77 deputadas eleitas em 2018, apenas 35 continuarão na Câmara a partir do ano que vem.

As outras 56 parlamentares que assumirão mandatos em fevereiro são estreantes na política, como Sônia Guajajara (PSOL-SP), coordenadora da Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), ocupantes de cargos regionais, como a vereadora Duda Salabert (PDT-MG), ou ainda ex-deputadas que voltam à Câmara depois de perderem a eleição em 2018, como Laura Carneiro (PSD-RJ).

Com a saída de nomes como da atual presidente da bancada feminina, Celina Leão (PP), que será vice-governadora do Distrito Federal, Margarete Coelho (PP-PI), que ficou com a suplência, e Professora Dorina (União-TO), que se elegeu para o Senado, a bancada da Câmara perde parlamentares do centro, o que torna a disputa de poder dentro do grupo de mulheres indefinida.

Margarete é considerada uma das principais articuladoras entre elas na Câmara, e é tida como braço direito de Arthur Lira (PP-AL), presidente da Casa. No entanto, foi criticada por relatorias como a da emenda constitucional que anistiou os partidos que não cumpriram a cota de 30% de financiamento para candidaturas femininas.


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