SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O polêmico apoio do governador Rodrigo Garcia (PSDB-SP) ao presidente Jair Bolsonaro (PL) e a Tarcísio de Freitas (Republicanos) na disputa federal e paulista de segundo turno, respectivamente, continua gerando abalos no Governo de São Paulo.
Nesta manhã de quarta (5), foram anunciadas três baixas na equipe: deixaram o governo Rodrigo Maia (Projetos e Ações Estratégicas), que será substituído por Tarcila Reis Jordão; Laura Muller (Desenvolvimento Social), que passa o bastão a Célia Leão; e a economista Zeina Latif, que sai da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, herdada por Bruno Caetano.
As saídas haviam sido antecipadas pelo Painel e não chegam a configurar a debandada temida por alguns setores do governo --são 24 as secretarias. O próprio Rodrigo tentou aparar arestas em reunião com a equipe nesta manhã, da qual os demissionários não participaram.
No encontro, o governador tentou colocar panos quentes e dizer que foi pessoal a decisão de apoiar o presidente contra Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Tarcísio, ex-ministro de Bolsonaro que o tirou do segundo turno contra Fernando Haddad (PT).
Segundo o secretário da Cultura, Sérgio Sá Leitão, o governador disse que "respeita as escolhas eleitorais de cada membro da equipe, e que todos têm autonomia para fazer as suas escolhas". "Destacou que o mais importante é o compromisso com a gestão", afirmou. Leitão, que teve diversos embates em sua área com o governo federal, afirmou que disse ser contra o apoio a Bolsonaro, mas que permanecerá até o fim do governo.
Na reunião, ficou acertado planos de execução das metas até o fim do ano. É uma deixa para uma transição ordenada e para a manutenção de espaços na gestão para o grupo ora no poder. A coligação de Rodrigo tem 31 cadeiras na nova Assembleia Legislativa, que serão vitais a Tarcísio, que viu seu grupo eleger 33 nomes e o de Haddad, 28, caso o ex-ministro vença o pleito.
Segundo a reportagem ouviu de outros secretários, o clima amainou, mas segue o mal-estar pelo fato de que a decisão de Rodrigo não ter sido comunicada à equipe. Como disse um de seus subordinados, "de repente liguei a TV e ele estava em Congonhas com Tarcísio e Bolsonaro", disse, referindo-se ao aeroporto no qual o apoio foi anunciado.
Do ponto de vista objetivo, o PSDB havia liberado seus filiados a fazer o que quiserem, dadas as conveniências objetivas de cada contexto estadual. Mas isso não poupou Rodrigo, que é cria do antigo DEM e só entrou no tucanato no ano passado, de críticas de figuras como o ex-ministro Aloysio Nunes Ferreira.
O governo divulgou nota sobre a decisão de Rodrigo. "A premissa de sua administração é garantir que o interesse público esteja acima de qualquer corrente político/partidária. Portanto, o interesse dos paulistas não pode ser refém de qualquer tipo de proselitismo político", afirmou o texto.
"Um governo é feito por pessoas, ideias e crenças diferentes. Na prática, Rodrigo Garcia sempre pautou a sua vida pública por atuar ao lado de pessoas que nem sempre pensam como ele."
Ao fim, as saídas acabaram conjugadas. Zeina e Laura haviam sido indicadas pelo próprio Maia para compor o secretariado quando Rodrigo assumiu, na esteira da saída tumultuada de João Doria (PSDB) do governo para tentar, sem sucesso, ser candidato a presidente.
Maia divulgou sua saída oficialmente em um post de redes sociais, agradecendo a Doria e a Rodrigo. O ex-governador o acolheu após a implosão do DEM em 2021. O grupo do ex-presidente da Câmara se viu fora do controle do Parlamento, cedendo espaço ao centrão do seu sucessor, Arthur Lira (PP-AL).
No plano original de Doria, DEM, antes de sua fusão com o PSL o transformar em União Brasil, MDB e PSDB caminhariam unidos em 2022, com ele como candidato. Deu tudo errado. O tucanato minou o ex-governador, que ficou a pé na tentativa de construir seu nome apesar de ter ganho prévias internas, Rodrigo ficou fora do segundo turno e o PSDB saiu quase nanico do pleito.
Havia uma expectativa de que Maia anunciasse seu apoio a Lula, tanto que foi ao comitê de campanha do ex-presidente na própria terça, após Rodrigo encontrar-se com Bolsonaro e Tarcísio. Segundo a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, ele tem ajudado na articulação da campanha com empresários e nomes de mercado.
Mas não houve anúncio formal, segundo amigos do ex-presidente da Câmara porque ele tem compromissos privados a partir de janeiro que seriam afetados por um posicionamento político agora.
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