BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Após quase uma semana de silêncio, o presidente Jair Bolsonaro (PL) publicou uma foto em suas redes sociais nesta terça-feira (8).
A imagem é do lançamento de sua candidatura à reeleição, em julho, no Rio de Janeiro. Ela mostra apoiadores vestidos de verde e amarelo e uma bandeira do Brasil ao fundo. Bolsonaro não incluiu legenda na imagem.
O chefe do Executivo tem adotado postura de reclusão desde que foi derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no dia 30 de outubro. Desde então, ele deixou de interagir com apoiadores, não fez transmissões em redes sociais e foi ao Palácio do Planalto em apenas duas ocasiões.
Bolsonaro se isolou no Palácio da Alvorada e tem recebido poucos aliados mais próximos, entre eles o assessor especial da Presidência Vicente Santini e o ministro Célio Faria Jr (Secretaria de Governo).
Desde a sua derrota, o mandatário foi apenas duas vezes ao Palácio do Planalto. A primeira foi no dia seguinte à eleição. Na ocasião, o presidente teve encontro com Paulo Guedes (Economia) e outros ministros, permanecendo algumas horas no seu local de trabalho.
Depois, na quinta-feira (3), ele teve uma passagem relâmpago pelo Planalto, onde ficou por cerca de meia hora. Foi cumprimentar o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), que estava no local para a primeira reunião da transição.
A publicação da foto desta terça no Twitter ocorre na véspera da entrega, pelo Ministério da Defesa, de relatório do trabalho de fiscalização do sistema eletrônico de votação.
O documento deve ser enviado nesta quarta-feira (9) ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral). O tema tem movimentado grupos de apoiadores do chefe do Executivo, muitos dos quais se recusam a aceitar o resultado eleitoral.
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, condicionou nesta terça o reconhecimento da derrota de Bolsonaro às conclusões do relatório da Defesa sobre as urnas eletrônicas.
"Vamos ter que esperar o relatório amanhã. Temos diversos questionamentos que fizemos ao TSE [Tribunal Superior Eleitoral], vamos esperar essas respostas", disse Valdemar, em entrevista a jornalistas nesta terça.
Antes da foto, a última publicação de Bolsonaro havia sido um vídeo em que ele pediu que seus apoiadores liberassem rodovias obstruídas em protesto contra a vitória de Lula. O conteúdo foi compartilhado em 2 de novembro.
Na ocasião, o mandatário disse que outras manifestações, em praças e locais públicos, são "do jogo democrático". Ele não comentou o teor antidemocrático dos protestos.
Boa parte das vias foram desobstruídas na última semana, mas apoiadores de Bolsonaro foram para frente de quarteis e intensificaram pedidos antidemocráticos, agora em defesa de golpe militar.
O silêncio do presidente inflamou seus apoiadores mais radicais, que insistem na tese de fraude nas eleições --sem nenhum tipo de prova nem indício.
Após a proclamação do resultado das eleições, Bolsonaro não atendeu a ligações de ministros e aliados. Ele falou brevemente com o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, segundo o próprio magistrado contou no domingo a jornalistas.
Ao menos dois ministros chegaram a ir para o Alvorada ainda na noite da eleição, mas foram barrados na entrada.
Com o passar o tempo, Bolsonaro começou a responder mensagens e a receber algumas visitas. A semana do mandatário foi marcada pela romaria de auxiliares e aliados ao Alvorada para prestar solidariedade.
De acordo com aliados, o chefe do Executivo ainda está inconformado e irritado com o resultado das urnas. Bolsonaro tinha convicção de que ganharia a disputa contra Lula. No final, ele foi derrotado pelo petista por 50,9% dos votos válidos contra 49,1%.
Ainda segundo assessores, o presidente tirou alguns dias para processar a o revés, que ele não admitiu publicamente. Bolsonaro tampouco congratulou a chapa vencedora, como é tradição.
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