BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta quarta-feira (9), que o novo governo precisa "aprender a conversar" com o centrão ?grupo de partidos que hoje controla o Congresso Nacional e que em grande parte se aliou a Jair Bolsonaro (PL).

O petista disse ainda que não pretende interferir nas votações que definirão os próximos chefes da Câmara e do Senado.

"Eu não enxergo dentro da Câmara e do Senado essa coisa do centrão. Eu enxergo deputados que foram eleitos e que, portanto, vamos ter que conversar com eles para garantir as coisas que serão necessárias para melhorar a vida do povo brasileiro", disse Lula, após se reunir com o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Alexandre de Moraes.

Em outro gesto a partidos historicamente distantes do PT, Lula disse que "não há tempo para vingança", para "raiva" ou para "ódio". "O tempo é de governar."

"O centrão é uma composição de vários partidos políticos que o PT tem que aprender a conversar, que o [Geraldo] Alckmin tem que aprender a conversar e que eu tenho que aprender a conversar e tentar convencer da nossa proposta", disse.

Mais cedo, Lula se reuniu por cerca de duas horas com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), cumprindo mais uma etapa da articulação que pode unir em um mesmo lado o presidente eleito e o líder do centrão, que desde 2020 é aliado de Jair Bolsonaro.

De acordo com pessoas que acompanharam o encontro na residência oficial do presidente da Câmara, Lula disse a Lira que não pretende interferir na eleição para o comando da Casa.

Caso isso se confirme, fica praticamente selada a reeleição de Lira em fevereiro, já que se torna bastante improvável que surja um concorrente competitivo sem o apoio do presidente eleito.

Em troca, dizem aliados do petista, Lira trabalhará em um primeiro momento em prol da aprovação da PEC da Transição, medida essencial para que Lula acomode no orçamento verbas para cumprir em 2023 algumas de suas principais promessas de campanha.

Em um segundo momento, afirmam esses parlamentares, a ideia é que haja uma aliança formal entre Lira e Lula, o que daria ao presidente eleito parte do centrão e uma base muito mais sólida na Câmara do que se contasse apenas com a esquerda e com partidos de centro e de direita hoje independentes, como PSD e MDB.


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