SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Após três dias de hostilidades por parte de bolsonaristas contra integrantes do STF (Supremo Tribunal Federal) presentes a uma conferência em Nova York, o ministro Luís Roberto Barroso perdeu a paciência com um manifestante e disse: "Perdeu, mané, não amola!".

Ele entrava com Alexandre de Moraes, o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que é o principal alvo dos apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) na cidade americana, no Harvard Club, onde ocorre encontro do Lide ?o grupo empresarial fundado pelo ex-governador paulista João Doria.

A cena foi gravada e postada no Instagram por Allan dos Santos, o foragido da Justiça brasileira investigado no inquérito das fake news coordenado por Moraes. Ele se diz jornalista e tem participado dos atos na rua 44, onde fica o local do evento e também o Sofitel, hotel que hospeda seus convidados.

Uma pessoa grita para Moraes e Barroso que "vocês precisam abrir o código-fonte", um dos fetiches conspiratórios da turma bolsonarista, que considera que as urnas eletrônicas são passíveis de fraude e que Bolsonaro não perdeu por 50,9% a 49,1% para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nos segundo turno do pleito deste ano.

Moraes, por sua vez, deu um tchauzinho e manda um beijo para os poucos manifestantes presentes ao local. Ao fim do evento, ele foi perseguido por um pequeno grupo no caminho entre o evento e o hotel, assim como a van que levou outros ministros para um almoço.

Os bolsonaristas têm frequentado a rua 44 desde domingo (13), quando os convidados começaram a chegar. Na segunda (14), houve protestos mais intensos em barulho e agressividade, com muitos xingamentos a todos que entravam e saíam do hotel. Ministros foram seguidos ?Barroso foi filmado jantando com Cristiano Zanin, advogado de Lula que é cotado para o Supremo.

Houve cenas pitorescas. Um grupo integrado pelo ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles, que falou na sessão sobre economia do evento nesta terça (15), foi abordado na turística Times Square por bolsonaristas que tratou as pessoas como "ministros do Supremo", que precisariam "abrir o código-fonte".

"Eu disse para ele falar 1, 2, 3, 4", brincou o ex-ministro do Desenvolvimento Luiz Fernando Furlan, que é presidente do Lide, ao relatar o episódio.

Santos, por sua vez, voltou à rua do evento, que está bastante policiada. Na segunda à noite, ele entrou no Sofitel e tomou uma cerveja no bar do hotel. A segurança do local foi alertada e, antes de alguém o abordar, o bolsonarista deixou o prédio ?que passou a controlar a entrada de pessoas em seu lobby.

A Polícia Federal ainda não colocou o nome de Santos na difusão vermelha da Interpol, o que faz com que ele não possa ser preso e enviado ao Brasil.


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