BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O coordenador dos grupos técnicos do governo de transição, o ex-ministro Aloizio Mercadante, negou nesta quinta-feira (17) que haja atraso e dificuldades para definir a composição do colegiado responsável pela área da Defesa, setor que esteve fortemente associado ao bolsonarismo.
Disse que a definição acontecerá após o retorno do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que está em viagem ao Egito para participar da COP. Por outro lado, Mercadante reconheceu que há um "problema institucional" relacionado com as Forças Armadas, mas que essa questão não deve ser objetivo de tratativas no grupo técnico que trata do assunto.
O grupo é o único que ainda não teve definição sobre os seus coordenadores e demais membros. O governo de transição já anunciou 30 grupos técnicos e mais de 300 pessoas que vão integrar os trabalhos da equipe de Lula, seja na coordenação, nos GTs e no conselho político.
"Do GT [grupo técnico] de Defesa, eu acho que vamos ter uma excelente composição, mas vamos só bater o martelo com o presidente [Lula]. Como presidente viajou e teve uma responsabilidade, uma agenda muito pesada, com muita coisa acontecendo e uma repercussão extraordinária da fala dele, vamos aguardar. Não faz diferença nenhuma", afirmou em entrevista a jornalistas, no Centro Cultural Banco do Brasil, sede do governo de transição.
Nos bastidores, levanta-se a hipótese de que o governo de transição esteja encontrando dificuldades para dialogar com os militares da ativa, para que muitos adiram à transição.
Durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), os militares ganharam proeminência na Esplanada dos Ministérios. Muitos nomes ocuparam cargos dentro do Palácio do Planalto, como ministros da Casa Civil, da Secretaria de Governo. Além disso, ocuparam outros ministérios como Defesa, Saúde, Minas e Energia, entre outros.
Desde a sua criação, no governo de Fernando Henrique Cardoso, o Ministério da Defesa sempre esteve a cargo de um civil. A lógica foi quebrada no governo de Michel Temer. Jair Bolsonaro sempre destinou o cargo para militares.
Mercadante afirmou haver um "problema institucional" relacionado com as Forças Armadas, em particular com a sua posição na sociedade. Mas disse que isso não será tema de trabalho do grupo técnico.
"É uma instituição secular, organizada, diagnóstica, não tem maiores preocupações em relação a essa agenda. Pode ter algumas questões pontuais. Tem um problema institucional, o lugar das Forças Armadas, a relação com a Constituição, mas isso não é propriamente um tema do grupo de trabalho. Eu acho que não tem nenhuma dificuldade e nós faremos uma boa solução", afirmou Mercadante.
"Eu acho que o tema basicamente é esse, é um problema mesmo da composição, ter uma composição adequada e poder ter resultados naquilo que a gente espera para a área da Defesa", completou.
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