LISBOA, PORTUGAL (FOLHAPRESS) - Em discurso para representantes da comunidade brasileira em Portugal, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) alertou para a violência inédita provocada pelos grupos que contestam o resultado legítimo das eleições.
"Tem um processo no Brasil que a gente não conhecia, que é o processo da violência da extrema-direita. Eu nunca vi a esquerda praticar 10% da violência que a extrema-direita está fazendo no Brasil. Nunca vi", afirmou.
Lula destacou, no entanto, que o direito à manifestação pacífica faz parte da democracia. "A democracia não é um pacto de silêncio em que a pessoa não pode falar. A democracia é uma sociedade em movimento", disse.
O petista aproveitou para brincar com a presença de um pequeno grupo de bolsonaristas que realizou protestos nas imediações de todos os locais em que houve agenda oficial. "A democracia aqui é tão grande que tem até um grupo de bolsonaristas gritando."
Lula pediu, porém, que seus apoiadores não caiam em provocações de bolsonaristas.
"Vamos derrotá-los sem usar contra eles os métodos que eles utilizaram contra nós. A gente não quer perseguição, a gente não quer violência. O que a gente quer é um país que viva em paz", concluiu.
O encontro, que reuniu cerca de 300 representantes de movimentos sociais e políticos na manhã deste sábado (19), foi o último compromisso de Lula em Lisboa, onde permaneceu por cerca de 24 horas após participar da COP27 no Egito.
O presidente eleito falou para um auditório majoritariamente vestido de vermelho, com representantes de organizações tão diversas quanto o Núcleo do PT em Lisboa, a ONG de apoio a imigrantes Casa do Brasil e o bloco de Carnaval Colombina Clandestina.
Segundo maior colégio eleitoral no exterior, atrás apenas dos Estados Unidos, Portugal deu uma vitória expressiva a Lula, que ganhou nas três cidades onde houve votação.
Na sexta-feira, Lula foi recebido praticamente como chefe de Estado pelo presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, e pelo primeiro-ministro, António Costa.
Em declarações após o encontro com o premiê socialista, o presidente eleito do Brasil afirmou que pretende reafirmar os laços com o país europeu, que na prática foi pouco prestigiado pela política externa de Jair Bolsonaro (PL), não visitou Portugal durante o mandato.
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