SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - O general Santos Cruz, ex-ministro-chefe da Secretaria de Governo da Presidência no governo de Jair Bolsonaro (PL), criticou o chefe do executivo por seu silêncio após ser derrotado nas eleições de 2022 para Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o que, segundo ele, contribui para atos golpistas que ainda permanecem em frente a unidades das Forças Armadas. As declarações foram dadas em entrevista ao site Metrópoles.

"Se eu perdesse uma eleição com 49% dos votos, eu viraria líder de oposição na hora, uma oposição construtiva, forte, atuante, não pode ficar de boca fechada 22 dias. Esse silêncio pode ser interpretado como um negócio de covarde, de você esperar que o circo pegue fogo para ver como pode se beneficiar. Ele precisa fazer uma transição segura, passar segurança para o povo e não deixar as pessoas perdidas. Esse silêncio é inaceitável, ele ganha para trabalhar", disse Santos Cruz.

O general também classificou como "desgastante" a relação de Bolsonaro com os militares e ainda disse que os bolsonaristas se comportavam como se fossem de uma seita.

O ex-aliado embasou sua comparação no fato de que as seitas teriam líderes inquestionáveis por seus seguidores e que os grupos bolsonaristas fariam ataques criminosos e coordenados contra alvos escolhidos. "Esse povo aí na frente dos quartéis, todo dia tem pelo menos uma ou duas mensagens falsas para mantê-los ali".

Sobre as Forças Armadas, o general entende ter sido um erro que elas participassem do processo eleitoral e também ter produzido o relatório com conclusão dúbia sobre as urnas eletrônicas. Para ele, o longo tempo afastado da política fez com que o Exército ganhasse relevância com a população, mas que durante o governo Bolsonaro isso se perdeu porque o presidente falava "que o Exército era dele e isso não tem nada a ver".

O ex-ministro também afirmou que militares da ativa deveriam manter distância da política institucional, para evitar confundir os posicionamentos pessoais com o das Forças Armadas. Na entrevista, ele evitou revelar o seu voto, mas disse que nunca pensou em apoiar Jair Bolsonaro.

"Minha experiência com ele foi muito ruim, não tinha nenhuma condição de apoiar", finalizou.


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