SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A deputada federal eleita pelo Amapá Silvia Waiãpi (PL) apoiou publicamente os atos de vandalismo ocorridos neste domingo (8) no Palácio do Planalto, no Congresso Nacional e no STF (Supremo Tribunal Federal). Em publicação nas redes, ela sugeriu que estava em curso uma ação contra um suposto "governo vermelho".
Uma peça compartilhada por ela foi filmada desde o topo do prédio do Congresso Nacional. "Acabamos de tomar o poder. Estamos dentro do Congresso. Todo o povo está aqui em cima. Olha só, minha filha, olha. Isso vai ficar para a história, a história dos meus netos, dos meus bisnetos", dizia uma voz feminina, cuja interlocutora não foi identificada.
"A Casa é nossa. Entramos. Agora a gente não sai mais", afirmava ainda a autora da gravação.
O teor do vídeo foi endossado pela deputada eleita. "Povo toma a Esplanada dos Ministérios nesse domingo! Tomada de poder pelo povo brasileiro insatisfeito com o governo vermelho", escreveu Silvia Waiãpi, que é bolsonarista, na legenda.
No início da noite deste domingo, a parlamentar apagou o conteúdo. A reportagem, no entanto, registrou a publicação.
Única indígena eleita para o Congresso com votos na Amazônia, Waiãpi foi secretária de Saúde Indígena do governo de Jair Bolsonaro (PL) e é próxima da senadora eleita Damares Alves (Republicanos-DF). Procurada pela coluna, ela não respondeu ou retornou às tentativas de contato.
Em outubro do ano passado, o Ministério Público Eleitoral do Amapá pediu a reversão da eleição de Waiãpi por supostamente utilizar o fundo eleitoral para pagar uma harmonização facial.
De acordo com o procurador Pablo Beltrand, uma transferência bancária entre a ex-coordenadora de campanha da agora deputada federal eleita, uma clínica estética e Waiãpi "demonstra a intenção [da então candidata] de legitimar o gasto com procedimento estético como se de campanha fosse".
A entidade pediu à Justiça a "negação de expedição de diploma ou a cassação de eventual diploma já outorgado", além da quebra do sigilo bancário.
Na ocasião, a defesa da indígena afirmou que as acusações são "improcedentes" e "fruto de vingança pessoal e intrigas partidárias, bem como discriminação racial, dada a origem da declarante".
Com 5.435 votos, ela foi uma das sete candidaturas autodeclaradas indígenas eleitas ao Congresso, junto a nomes como Hamilton Mourão (Republicanos-RS), Célia Xakriabá (PSOL-MG) e Sonia Guajajara (PSOL-SP), com quem tem histórico de desavenças.
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