BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Bolsonaristas deixaram para trás móveis, roupas, alimentos, além das estruturas usadas para montar tendas e barracas ao abandonar o acampamento golpista em Brasília nesta segunda-feira (9).
No começo da tarde, militares ainda trabalhavam para limpar a Praça dos Cristais, em frente ao quartel-general do Exército, onde estavam os apoiadores do ex-presidente. Eles desmontaram primeiro as barracas mais simples, feitas com lona e panos, e empilharam lixos e entulhos dos bolsonaristas.
A PM do Distrito Federal e militares do Exército esvaziaram o acampamento nesta manhã, cumprindo a determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), dia após extremistas depredarem o Planalto, Congresso Nacional e o Supremo.
Os agentes cercaram o acampamento pela manhã e levaram cerca de 1.500 bolsonaristas para a superintendência da Polícia Federal, em dezenas de ônibus cedidos pelo Governo do Distrito Federal.
Mesmo com a ordem de Moraes, pequenos grupos de manifestantes continuaram no acampamento esvaziado. Alguns haviam escapado do cerco feito pela polícia, enquanto outra parte voltou para a praça depois da ação policial.
No começo da tarde, bolsonaristas buscavam seus pertences no acampamento. Um deles se aproximou dos jornalistas, fez uma oração e disse, gritando, que os manifestantes eram pacíficos.
Pelo menos dois automóveis seguiam em frente ao Exército nesse horário, sendo um deles um caminhão pintado de verde e amarelo, com "liberdade" escrito em adesivos no vidro dianteiro e nas portas.
Militares do Exército afirmaram que as tendas de maior porte, além de móveis como cama, geladeira e fogão, devem ser guardados no quartel e catalogados. Disseram ainda que vão avaliar os pedidos para devolução desses pertences aos golpistas ou para empresas que podem ter alugado as tendas e outros equipamentos.
O inventário será montado pelo Exército até quarta-feira (11), dia em que os radicais que se mantiveram acampados poderão buscar os pertences --entre eles, computadores, celulares e congeladores. A data, no entanto, pode ser adiada a depender da quantidade de objetos encontrados no local.
Houve relatos de tentativas de furto de objetos pessoais durante o desmonte do acampamento, segundo oficiais ouvidos pela Folha de S.Paulo. Soldados foram acionados para conter os assaltantes.
Também havia pelo menos 20 banheiros químicos no acampamento após a ação policial. O cheiro do outro lado da rua da praça, em frente aos banheiros, era de esgoto.
Dezenas de colchonetes e colchões infláveis estavam espalhados pelo gramado. Em uma das barracas ainda havia cadeiras e mesas de plástico com frutas, sucos e outros alimentos, além de roupas no chão.
Os bolsonaristas passaram a acampar no quartel-general após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 30 de outubro. Eles pediam um golpe militar para evitar a posse do petista.
Centenas de golpistas passaram semanas na praça. Eles celebraram datas comemorativas, como o natal e a virada do ano, e montaram barracas com cozinha, locais de culto e de convivência.
Na mesma praça, organizaram atos golpistas. No fim de dezembro, George Washington de Oliveira Sousa afirmou à Polícia Civil do DF que planejou com manifestantes acampados no QG do Exército a instalação de explosivos em pelo menos dois locais da capital federal para "dar início ao caos" que levaria à "decretação do estado de sítio no país", o que poderia "provocar a intervenção das Forças Armadas".
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