BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Em ofensiva no Senado Federal, o PSD acertou a filiação da senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP) e pode ultrapassar o PL. O partido ainda trabalha para filiar mais um senador até a semana que vem, engordando ainda mais a bancada.

Aliados do presidente do PSD, Gilberto Kassab, dizem que ele articula o aumento no número de parlamentares desde o fim do ano passado. O principal objetivo, afirmam, seria enfrentar o discurso do PL de que bolsonaristas foram eleitos em peso e teriam o domínio do Senado.

Aliados de Gabrilli já dão como certa a filiação dela ao PSD e afirmam que a senadora está apenas pedindo a "bênção" de seus principais padrinhos políticos, como o senador José Serra (PSDB).

A tucana foi candidata a vice-presidente na chapa da ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB), e está no PSDB desde que disputou sua primeira eleição, em 2004, para vereadora em São Paulo.

Pessoas próximas à senadora afirmam que ela reclama que o PSDB deixou de apontar caminhos e que não gostaria de fazer oposição ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) gratuitamente.

Enquanto o PSDB decidiu não integrar a base de Lula e se manter independente, o PSD se tornou um dos principais aliados do novo governo e emplacou três ministros.

Questionado sobre a filiação de Gabrilli, Kassab afirmou que seria "maravilhoso". "Um dos melhores quadros da vida pública brasileira", disse.

Com a ida da senadora para o PSD, o partido deve começar a próxima legislatura como a maior bancada do Senado. Hoje, PSD e PL estão empatados com 13 parlamentares cada.

Em outubro, o partido do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) conseguiu eleger oito senadores e anunciou que começaria o ano de 2023 com, no mínimo, com 14 -contando com os outros seis que têm mandato por mais quatro anos.

Marcos Rogério (PL-RO) acabou se tornando, no entanto, o fiel da balança. O parlamentar está fora do mandato por motivos pessoais, e o suplente, Samuel Araújo, é do PSD. Caso Rogério assuma o mandato, o PL voltará a ter 14 senadores -e o PSD 13, contando com Mara Gabrilli.

Para se contrapor ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e impulsionar a candidatura do senador eleito Rogério Marinho (PL-RN), o PL conseguiu formar um bloco com PP e Republicanos.

"O bloco PL/Progressistas/Republicanos dá musculatura política a Rogério Marinho, que deseja resgatar a independência e o protagonismo do Senado Federal, se eleito", afirmou o PL, antecipando ainda que a senadora eleita Tereza Cristina (Progressistas-MS) será líder do partido dela.

Juntos, as três siglas terão 23 parlamentares durante a eleição da Mesa Diretora do Senado, na próxima quarta-feira (1º). Já o PDT, com três integrantes, formalizou o apoio à reeleição de Pacheco. Outros partidos da base devem fazer isso até a data.

O PSD também tem trabalhado para filiar os senadores Eliziane Gama (Cidadania-MA) e Jayme Campos (União-MT).

A parlamentar do Maranhão já conversou com o próprio Kassab e com diversos colegas de Senado, como Otto Alencar (PSD-BA) e Omar Aziz (PSD-AM). Já o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro (PSD-MT), tenta convencer Campos.

Aliados de Eliziane Gama afirmam que a senadora também avalia o convite do MDB -partido de Tebet, de quem é próxima-- e deve considerar o cenário regional.

No Maranhão, o MDB está sob domínio da ex-governadora Roseana Sarney. Já o PSD sofre forte influência do prefeito de São Luís, Eduardo Braide.

A assessoria de Eliziane Gama afirmou que a senadora ainda está conversando com diferentes partidos. A assessoria de Jayme Campos foi procurada, mas não se manifestou.

"No campo nacional, a bancada é muito acolhedora. Respeita as divergências e libera o parlamentar [em votações] quando a questão é cara para ele", afirmou o líder do PSD no Senado, Nelsinho Trad (MS), sobre a expectativa de crescimento da bancada.

Desde as eleições, o PSD conseguiu filiar também as senadoras Zenaide Maia (RN), que era do Pros, e Margareth Buzetti (MT), ex-Progressistas -e suplente do ministro da Agricultura.

No caso de Buzetti, a ida para a base governista era condição para que Fávaro deixasse o Senado e assumisse o ministério. O segundo suplente do ministro, José Lacerda (MT), também se filiou ao partido comandado por Kassab em dezembro e deixou o MDB.

Durante a campanha presidencial, o PSD evitou declarar apoio a Bolsonaro ou a Lula argumentando que o partido era rachado e que o posicionamento oficial poderia ter efeitos negativos na eleição de deputados e senadores. A intenção de Kassab era justamente engordar os quadros no Congresso.

Desde a eleição, o dirigente do PSD intensificou a empreitada por aumento da bancada para fortalecer as chances de reeleição do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.

Tradicionalmente, o senador que pertencesse à maior bancada da Casa chegava como favorito na eleição, o que fez com que o MDB presidisse o Senado no passado diversas vezes.

Esse costume foi rompido, porém, em 2019, com a eleição de Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). Renan Calheiros (MDB-AL), que pertencia à maior bancada e disputava o quinto mandato de presidente, se retirou da disputa ao perceber que perderia a eleição.

Desta vez, o PL, que tem Rogério Marinho como adversário de Pacheco, busca atrair o voto de parlamentares porque elegeu o maior número de senadores na eleição passada. A intenção de Kassab era, além de ter um time grande no Senado, desbancar mais este argumento do PL.

Diferentemente de deputados federais, senadores podem mudar de partido a qualquer momento. Na sexta-feira (20), Jorge Kajuru (PSB-GO) trocou o Podemos pelo PSB --sigla do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin.

Como mostrou a Folha, o PT quer fortalecer o PSB para ampliar o apoio a Lula no Senado. Em outubro, a sigla elegeu apenas o atual ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB-MA). O partido espera anunciar, nos próximos dias, a filiação de Chico Rodrigues (União-RR).

Primeira suplente na chapa de Dino, a vice-prefeita de Pinheiro (MA), Ana Paula Lobato (PSB-MA), já decidiu que vai continuar no PSB. Com a filiação de ao menos outros dois senadores, o PSB conseguiria atingir o número mínimo para que um dos parlamentares seja alçado a líder.


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