BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O PT negocia a filiação do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder do governo no Congresso, e, com dez partidos na bancada, pretende reivindicar ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), a vice-presidência da Casa --hoje prometida ao MDB, em caso de vitória.
A bancada do PT no Senado tem se dividido sobre o espaço do partido na Mesa Diretora. Parte dos senadores defende que, com a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, o PT deve pleitear a vice-presidência do Senado. Outros entendem que o governo deve contemplar aliados importantes, como o MDB, para garantir a base parlamentar.
Para resolver a crise, a bancada escalou o líder do governo, senador Jaques Wagner (PT-BA), o líder da bancada atual, Paulo Rocha (PT-PA), e o próximo, Fabiano Contarato (PT-ES), que foi escolhido na semana passada. Os três ficaram encarregados de conversar com o presidente do Senado nesta sexta (27).
No cenário atual, o MDB tem 10 senadores e o PT, 9. Petistas afirmam que, com a filiação de Randolfe Rodrigues, a prioridade será negociar o nome do senador Humberto Costa (PT-PE) para a vice-presidência do Senado --já que os dois partidos terão dez senadores cada um.
Parlamentares afirmam, no entanto, que o PT não quer comprar briga com o MDB e que, caso não haja acordo, o partido vai se contentar com a 1ª secretaria e indicar o nome do senador Rogério Carvalho (PT-SE), que hoje é 3º secretário da Mesa Diretora.
Aliados de Pacheco afirmam que, se for reeleito, ele quer manter o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB) como vice-presidente do Senado e levar Rogério Carvalho para a 1ª secretaria, que funciona como uma "prefeitura" e é responsável pela supervisão-geral da Casa.
Fabiano Contarato afirma que o PT não será "intransigente" em relação a nada, e que tudo será construído com muito diálogo.
O futuro líder da bancada negou que o PT já tenha o nome dos possíveis indicados para a Mesa Diretora, caso Pacheco seja reeleito. Segundo ele, o PT deve entender, primeiro, a qual espaço terá direito.
"A possibilidade é que o senador Randolfe ingresse no Partido dos Trabalhadores. Ele sairia da Rede e entraria no PT. A formação de bloco seria com outros partidos. E, com esse contexto, muda-se a formatação dos espaços", disse, após reunião da bancada, nesta quinta (26).
"Tudo isso está sendo construído de forma muito serena, muito tranquila. Isso é para ser sentado e conversado, obviamente. Definimos que vamos apoiar a reeleição do presidente Pacheco e, agora, vamos sentar e falar sobre qual vai ser a participação do PT nessa chapa."
A decisão de Randolfe de se filiar ao PT, segundo pessoas que participaram da negociação, já foi comunicada ao presidente Lula e à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede). A assessoria do senador foi questionada sobre a mudança, mas não quis se manifestar.
O PT negocia ainda a formação de um bloco com o PSB, partido do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB).
Como mostrou a Folha de S.Paulo, o partido deve ter ao menos três senadores na próxima legislatura e, para isso, negocia a filiação de Chico Rodrigues (União Brasil-RR). Na sexta (20), a legenda filiou Jorge Kajuru (GO), ex-Podemos.
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