SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Valdemar Costa Neto, presidente do PL, afirmou que várias minutas golpistas circulavam no entorno do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Uma delas foi encontrada na casa do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, que está preso.
Em entrevista ao jornal O Globo, Valdemar diz que chegou a receber sugestões para impedir a posse do presidente Lula (PT), mas que ele teve "o cuidado de triturar".
"Nunca comentei, mas recebi várias propostas, que vinham pelos Correios, que recebi em evento político. Tinha gente que colocava [o papel] no meu bolso, dizendo que era como tirar o Lula do governo. Advogados me mandavam como fazer utilizando o artigo 142, mas tudo fora da lei. Tive o cuidado de triturar", afirmou Valdemar.
O chefe do partido de Bolsonaro disse que documentos desse tipo podiam ser encontrados "na casa de todo mundo."
"Aquela proposta que tinha na casa do ministro da Justiça, isso tinha na casa de todo mundo. Muita gente chegou para mim agora e falou: 'Pô, você sabe que eu tinha um papel parecido com aquele lá em casa. Imagina se pegam'", disse.
Valdemar também afirmou que Bolsonaro teria sido pressionado a "fazer algo errado" e que havia gente que "achava que ele podia dar o golpe".
"O Bolsonaro não quis fazer nada fora da lei. A pressão em cima dele foi uma barbaridade. Como o pessoal acha que ele é muito valente, meio alterado, meio louco, achava que ele podia dar o golpe. Ele não fez isso porque não viu maneira de fazer. Agora, vão prendê-lo por causa disso?", comentou.
'BOLSONARO ESTAVA UM PÓ. ACHEI QUE IA MORRER'
Valdemar Costa Neto também falou sobre a reação de Bolsonaro após perder as eleições e admitiu que errou por não prepará-lo para uma possível derrota nas urnas.
"Nunca tocamos nesse assunto, não passou isso pela cabeça dele. Quando fui lá na segunda-feira [após a eleição], ele estava um pó. Quando eu o vi após uma semana, eu achei que ele ia morrer. O cara estava desintegrando", falou o presidente do PL.
Segundo Valdemar, foi o baque de perder as eleições que deixou Bolsonaro em silêncio diante das propostas golpistas que recebia.
POR QUE A MINUTA É GOLPISTA?
O documento, encontrado em um armário na casa de Anderson Torres, durante buscas realizadas pela Polícia Federal, previa a instauração de um estado de defesa na sede do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), com o objetivo de reverter o resultado das urnas.
Posteriormente, o ex-ministro da Justiça disse que a minuta estava fora de contexto. A PF informou que vai investigar as circunstâncias da elaboração do documento.
A minuta de teor golpista previa contestar o resultado da eleição presidencial sem a apresentação de provas, usar do estado de defesa de forma inconstitucional, quebrar o sigilo de ministros desafetos de Bolsonaro, prever a criação de uma comissão para deixar sob responsabilidade dos militares e não deixar brecha para que houvesse contestação judicial.
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