BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse, nesta terça-feira (7), que o Exército de Caxias foi transformado em Exército do Bolsonaro, em referência à politização das Forças Armadas pelo seu antecessor, Jair Bolsonaro (PL).

Duque de Caxias, o Pacificador, é o patrono da força, e a frase foi dita pelo petista ao general Tomás Paiva, novo comandante do Exército, segundo o petista.

"E disse para o general: lamentavelmente, o Exército de Caxias foi transformado no Exército de Bolsonaro. O que não é uma boa coisa para esse país", afirmou.

Ele afirmou ainda que o ex-mandatário "explodiu tudo", e pôs em prática "insanidade" de tentar utilizar as Forças Armadas.

A declaração foi dada durante café da manhã com veículos de comunicação e blogs alternativos alinhados à esquerda, ocorrido no Palácio do Planalto. Em 12 de janeiro, ele já havia realizado um primeiro encontro com a imprensa.

O chefe do Executivo contou ainda ter dito aos comandantes das três forças, "sobretudo Tomás", não ser correto, nem prudente que "nenhuma instituição do estado esteja envolvida com política".

Segundo Lula, carreiras de estado, não apenas militares, não podem fazer do seu emprego, que classificou como privilegiado, por causa da estabilidade, "partido político". Ele citou também como exemplo o Ministério Público.

Preso e condenado na Lava Jato, Lula teve suas condenações anuladas pelo STF (Supremo Tribunal Federal). E, no ano passado, o procurador da força tarefa de Curitiba Deltan Dallagnol se lançou a deputado federal, com discurso de combate à corrupção, declarou a apoio a Bolsonaro e se elegeu.

"O general Tomás disse publicamente que um dos esforços dele é fazer com que as Forças Armadas não sejam políticas. Que ela seja legalista, para cumprir aquilo que está na Constituição. Acho que [isso] vale para todas as Forças Armadas", afirmou.

Tomás é o segundo comandante do governo do Lula, e assumiu o posto no final de janeiro, após crise de confiança aberta após os ataques do dia 8 de janeiro, em Brasília.

O novo chefe da Força era comandante militar do Sudeste (responsável por São Paulo), general Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva. Na semana em que o então comandante do Exército, general Júlio Cesar de Arruda, foi demitido, Tomás havia feito um discurso incisivo de defesa da institucionalidade, pedindo o respeito ao resultado das eleições e afirmando o Exército como apolítico e apartidário.

Arruda tinha sido nomeado para o comando da Força em 28 de dezembro, antes da posse de Lula como presidente. Ele havia sido escolhido por critério de antiguidade pelo ministro da Defesa, José Múcio Monteiro.

Segundo auxiliares do presidente, a decisão foi tomada porque Arruda não demonstrou disposição de tomar providências imediatas para reduzir as desconfianças de Lula em relação a militares do Exército após a invasão do Palácio do Planalto e das sedes do STF (Supremo Tribunal Federal) e do Congresso. Arruda relutou em expor o Comando Militar do Planalto, que no mínimo falhou no dia 8.

Dois dias após a demissão, o disse, em viagem na Argentina, esperar que a mudança traga de volta a normalidade da relação com o meio militar.

"As Forças Armadas não existem para servir a um político e sim para proteger o povo brasileiro."

Em visita à Argentina, o presidente afirmou ainda que o seu antecessor não respeitou a Constituição e se meteu nas Forças Armadas.


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