BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), ressaltou nesta quinta-feira (23) a importância do diálogo com o novo governo Lula, afirmando que estados não sobrevivem sem a participação da União.

O governador ainda acrescentou ser importante uma "convivência pacífica e respeitosa" e disse que governar com todos os entes federados, independente se são aliados ou opositores, é a "maneira republicana de se governar".

O governador esteve no Palácio do Planalto na manhã desta quinta-feira (23) para uma reunião com o ministro Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais). A governadora em exercício do Distrito Federal, Celina Leão (PP) também participou do encontro, cujo objetivo era tratar do transporte público que liga as duas unidades da federação.

Caiado foi questionado por jornalistas sobre sua visão sobre a relação do governo federal com os governadores, incluindo os de oposição, nesse início de gestão.

"É extremamente importante essa convivência pacífica e respeitosa ao resultado das urnas. Não teria outra maneira de responder que não seja essa. Eu, quando governador de Goiás, tive o apoio de 14 prefeitos e governei com 246. Nunca discriminei alguém por não ter tido apoio dele. Então essa é a maneira republicana de se governar", afirmou o governador, ao ser questionado por jornalistas sobre a relação com o governo Lula.

"É lógico que estado não sobrevive sem que haja essa participação conjunta com o governo federal, tanto é prova disso que estamos aqui hoje para tratar de um assunto de extrema relevância, que é o transporte coletivo na região do Distrito Federal e do entorno", completou.

Caiado manteve uma relação de proximidade com o presidente Jair Bolsonaro, embora houvesse momentos de estremecimento. Os dois chegaram a romper durante a pandemia da Covid-19 por discordarem das ações para evitar a transmissão do vírus. O auge da crise entre os dois aconteceu com a entrevista do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta na qual contrariava as posições de Bolsonaro, que foi concedida na sede do governo de Goiás.

O presidente e o governador de Goiás depois voltaram a se reaproximar, principalmente com a proximidade das eleições de outubro. Após o primeiro turno. Caiado foi ao Palácio do Alvorada para anunciar seu apoio ao mandatário na segunda rodada de votação, contra Luiz Inácio Lula da Silva.

Caiado também esteve na mesma residência oficial dias depois, em evento de Bolsonaro com artistas sertanejos que o apoiavam na eleição.

O governador reeleito, no entanto, começou a dar declarações positivas sobre o novo governo nos últimos meses. Em entrevista à Folha, afirmou que era "digna de aplauso" a iniciativa do petista de promover uma reunião com todos os 27 governadores.

"Em menos de 30 dias, Lula marca uma reunião com todos os 27 governadores, dizendo que a postura vai ser de abertura, que nenhuma decisão será tomada sem a participação dos governadores, que faz questão de estar presente nos estados até se convidando para ir nos palácios. É uma iniciativa digna de aplauso", afirmou.

Na reunião com o ministro Padilha, Caiado e Celina Leão apresentaram uma proposta para a formação de um consórcio para gerenciar o transporte na região do Distrito Federal e cidades goianas do entorno, que seria subsidiado pelas duas unidades da federação e pelo governo federal.

Os dois também pediram o adiamento do reajuste de 40% na tarifa anunciado pela ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres).


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