RIBEIRÃO PRETO, SP (FOLHAPRESS) - Entidades do agronegócio brasileiro e lideranças do setor criticaram as invasões de terra feitas pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) nesta semana na Bahia, afirmam que o movimento comete crime e cobram que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contenha as ações.

Integrantes do MST invadiram três fazendas da Suzano Celulose no extremo sul da Bahia na madrugada de segunda-feira (27), nos municípios de Mucuri, Teixeira de Freitas e Caravelas. Segundo o MST, o ato tenta pressionar a Suzano a cumprir acordo de 2011, que envolveria a cessão de terras para assentar 600 famílias.

Por nota, a Suzano informou que as propriedades foram danificadas pelos membros do movimento. Questionada pela reportagem sobre os detalhes do acordo apontados pelo MST, a empresa não respondeu.

A Ibá (Indústria Brasileira de Árvores), presidida pelo ex-governador do Espírito Santo Paulo Hartung, afirmou que as invasões na Bahia desrespeitaram a legislação e, em vez de promoverem justiça social, provocam prejuízos econômicos e sociais, pondo em risco empregos e renda.

"A Ibá e suas associadas têm plena confiança no sistema judicial brasileiro. Nesse sentido, espera-se a pronta reversão dessa situação criada. Ademais, o governo baiano também tem tradição de saber promover a pacífica restauração da indispensável harmonia social que serve de base, por meio do diálogo construtivo, para o verdadeiro desenvolvimento social e econômico", diz trecho do comunicado assinado por Hartung.

Já a centenária SRB (Sociedade Rural Brasileira) afirmou por meio de nota assinada por seu presidente, Sérgio Bortolozzo, que o crescimento dos movimentos fere o direito à propriedade privada e leva insegurança ao campo.

Isso, conforme Bortolozzo, provoca perdas econômicas e freia investimentos e a geração de emprego e renda.

"O setor florestal tem grande importância social e econômica para o país, preservando mais de 6 milhões de hectares em vegetação nativa, cultivando quase 10 milhões de hectares com finalidade econômica e gerando receita de mais de US$ 12 bilhões em exportações", disse.

A SRB ainda afirmou esperar uma resposta rápida, tanto de autoridades locais quanto do governo federal, para conter o movimento. "Só existe uma maneira para promover justiça social e ela se dá por meio do diálogo e dentro da legalidade."

Nesta quarta-feira (1), a Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, criada em 2015 e que abriga mais de 340 empresas, organizações da sociedade civil e setores como o financeiro e acadêmico, publicou comunicado repudiando veementemente a invasão às três propriedades da Suzano na Bahia.

Entre os integrantes do grupo estão associações como Abag (Associação Brasileira do Agronegócio), ABiogás (Associação Brasileira do Biogás) e Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais).

"Os enormes desafios fundiários existentes no Brasil não devem ser enfrentados a partir de ações ilegais que impactam propriedades produtivas ou comprometem empreendimentos econômicos que geram empregos e mobilizam a economia local e nacional. A ocupação de imóveis que cumprem esta função social não pode ser aceita em hipótese alguma", diz o grupo.

Presidente da FPA (Frente Parlamentar da Agricultura), o deputado federal Pedro Lupion (PP-PR), disse que a invasão de fazendas produtivas é crime e que tem visto "leniência com quem comete esses atos".

"A quem interessa essa perda de oportunidade, renda e empregos rurais? A quem interessa a volta dos conflitos de terra, uma nova guerra no campo?", questionou o parlamentar em suas redes sociais.

ONDA DE INVASÕES

A onda de críticas desta semana se soma às feitas após as invasões ocorridas no último dia 18, quando a FNL (Frente Nacional de Luta Campo e Cidade) deflagrou o Carnaval Vermelho em quatro cidades paulistas -Marabá Paulista, Sandovalina, Presidente Prudente e Rosana.

O grupo diz reivindicar a destinação das áreas para a implantação de assentamentos da reforma agrária para trabalhadores rurais sem-terra.

A Aprosoja/SP (Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de São Paulo) foi uma das entidades a manifestar repúdio às invasões de terra no sábado de Carnaval.

"Condenamos veementemente a relativização do direito de propriedade, a destruição de patrimônio e a barbárie de práticas criminosas que deveriam ter ficado no passado", diz trecho do comunicado da associação.


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