BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - A primeira-dama Rosângela Silva, a Janja, afirmou nesta quarta-feira (8) que é alvo de mais ataques nas redes sociais que o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e que será "aliada incondicional" no combate à violência de gênero.

"Tenho sido o principal alvo de mentira, ataque à honra, ameaça nas redes sociais, até mais que o presidente da República. Sei que muitas de vocês também passam por isso, pela mesma e terrível experiência de ver seu nome, seu corpo, sua vida exposta de uma forma mentirosa", disse.

"Também serei aliada incondicional nas ações de violência de gênero na política. Isso eu acho que já está muito claro para todo mundo. A questão de violência contra a mulher é inadmissível. Precisamos dar um basta: parem de matar nossas mulheres. Nenhuma de nós com medo, todas nós na política."

Janja foi uma das homenageadas pelo Senado neste Dia Internacional da Mulher com o Diploma Bertha Lutz, dado a pessoas consideradas relevantes na defesa dos direitos das mulheres.

A primeira-dama destacou ainda o número recorde de mulheres na Esplanada dos Ministérios (11 de 37) e na presidência dos dois principais bancos públicos (Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal), mas disse que essa não é "a nossa linha de chegada".

A presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Rosa Weber, também foi condecorada. A ministra é a única mulher à frente de um Poder da República (Judiciário) e apenas a terceira ministra em toda a história do STF -com Cármen Lúcia e Ellen Gracie.

Em seu discurso, Rosa destacou que, "mesmo no espaço forense, condutas e atos discriminatórios detectados são indicativos seguros de que sequer o Poder Judiciário, em seus campos de atuação, está imune à cultura de subjugação e de desqualificação do feminino impregnada na sociedade brasileira".

"Reafirmar o direito das mulheres à igualdade de tratamento e de acesso aos espaços decisórios públicos, como forma de luta contra a discriminação de gênero, não se trata de projeto realizado, mas sim de projeto em permanente construção", disse.

A ministra afirmou também que, em uma sociedade marcada pelo machismo estrutural, "edificaram-se estruturas de tomada de decisão para não considerar a mulher como ator político institucional relevante no projeto democrático constitucional".

"A igualdade fez-se assim, e continua a se fazer, considerada, perdoe-me, a sub-representação feminina também neste parlamento, a partir da perspectiva masculina a respeito da mulher", disse.

Ela ressaltou a importância de refletir sobre os caminhos necessários para o efetivo cumprimento do princípio constitucional da igualdade de gênero e da revisão de normas práticas e políticas reprodutoras de desigualdade.

O diploma Bertha Lutz também foi dado in memorian à jornalista Glória Maria, que morreu em 2 de fevereiro, e à indígena Clara Filipa Camarão, que liderou um grupo de mulheres contra as invasões holandesas no século 17, em Pernambuco.

A diretora-geral do Senado, Ilana Trombka, a diretora-executiva do Instituto Igarapé, Ilona Szabó de Carvalho e a jornalista Nilza Valéria Zacarias, uma das coordenadoras da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito.

Entre outras autoridades, a sessão foi acompanhada pela segunda-dama, Lu Alckmin, e pela presidente do Partido dos Trabalhadores, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR).

Também estavam presentes as ministras do Planejamento, Simone Tebet (MDB), e da Saúde, Nísia Trindade -a primeira mulher da história a comandar o ministério, um dos mais importantes da Esplanada.

A condecoração já foi dada a mais de 150 pessoas, como a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e a vereadora Marielle Franco, assassinada em 2018 -e irmã da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco.

Bertha Lutz foi uma das líderes do movimento para que as mulheres tivessem direito a votar. Segunda mulher a se tornar deputada federal, em 1936, Lutz foi a primeira a integrar uma delegação diplomática brasileira, em 1945.

A sessão foi aberta pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Após a entrega dos primeiros diplomas, Pacheco passou a presidência para a líder da bancada feminina da Casa, Eliziane Gama (PSD-MA).

O Senado, no entanto, deixou as mulheres de fora da mesa diretora nas últimas eleições, o que gerou protestos entre as senadoras. Na Câmara, apenas a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) conseguiu uma das sete vagas titulares.


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