BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB), tem bloqueado opositores nas redes sociais, em atitude semelhante à do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Em agosto de 2021, a organização Human Rights Watch divulgou um relatório no qual informou que Bolsonaro havia bloqueado mais de 170 contas nas redes sociais --a lista incluía pessoas críticas a seu governo e veículos de comunicação.
No domingo (26), o titular da Justiça bloqueou o perfil do deputado bolsonarista Nikolas Ferreira (PL-MG). Dessa forma, o parlamentar não consegue ver as publicações feitas por Dino.
Dino já havia bloqueado outros parlamentares da oposição em ocasiões diferentes, como o deputado Carlos Jordy (PL-RJ), em janeiro deste ano; e o deputado Marcos Feliciano (PL-SP) na semana passada.
O deputado Nikolas Ferreira ironizou a atitude do ministro e disse que deve se encontrar pessoalmente com ele na Câmara dos Deputados, nesta terça-feira (28), durante uma audiência pública.
"Me bloqueou, mas tudo bem... terça-feira a gente se encontra pessoalmente na CCJ, ministro", disse o deputado nas redes sociais.
Procurado pela reportagem, o Ministério da Justiça não respondeu sobre os bloqueios até a publicação da reportagem.
Os bloqueios feitos por Bolsonaro a perfis críticos a seu governo em redes sociais geraram uma ação no STF (Supremo Tribunal Federal), ainda pendente de julgamento.
A expectativa é que o caso seja analisado em junho. Os ministros da corte devem analisar se Bolsonaro --na condição de agente público-- poderia realizar esse tipo de bloqueio ou se isso configuraria algum tipo de prejuízo ao direito de acesso à informação.
Embora não seja mais agente público, a ação contra Bolsonaro pode fixar entendimento a ser aplicado a outros servidores.
Dino já confirmou presença na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara dos Deputados nesta terça. O convite para o ministro foi aprovado na semana passada.
Dentre os pontos que devem ser esclarecidos pelo ministro estão a política armamentista no Brasil e sua ida ao Complexo da Maré, no dia 13 de março.
Segundo Dino, a visita ao Complexo da Maré ocorreu a convite da ONG Redes da Maré. A agenda, porém, passou a ser alvo de críticas de parlamentares da oposição, inclusive com a divulgação de fake news sobre a agenda do ministro no local.
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), por exemplo, publicou nas redes sociais um vídeo que mostra a visita do ministro. Na postagem, Eduardo afirma que Flávio Dino entrou no "complexo de favelas mais armado do Rio com apenas dois carros e sem trocar tiros", o que, segundo ele, mostraria um suposto envolvimento do ministro com o crime.
É falsa, no entanto, a afirmação de que Dino teria ao complexo para se encontrar com criminosos.
Segundo informações do Ministério da Justiça e Segurança Pública, a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal, a Polícia Militar e a Polícia Civil participaram da segurança do ministro e de outros integrantes da pasta à Maré. Em nota, a Polícia Federal também confirma que fez a segurança do ministro na ocasião.
Pessoas ouvidas pela reportagem disseram que o ministro foi escoltado por agentes da PF, que não estavam uniformizados.
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