SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Em discurso nesta terça-feira (18), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que pessoas com transtornos mentais têm "problema de desequilíbrio de parafuso", em fala que foi vista como preconceituosa.

A fala aconteceu durante encontro com os chefes dos Três Poderes, além de governadores e prefeitos, para tratar de ações de prevenção à violência nas escolas.

O presidente se referia ao ataque que aconteceu em Blumenau (SC) no início do mês, quando um homem entrou em uma escola particular e matou quatro crianças. O caso ocorreu nove dias após o ataque à escola estadual Thomazia Montoro, em São Paulo, quando um aluno de 13 anos matou uma professora a facadas e feriu outras cinco pessoas, entre elas três docentes.

"Sempre ouvi dizer que a Organização Mundial da Saúde sempre afirmou que a humanidade deve ter mais ou menos 15% de pessoas com problema de deficiência mental. Se esse número é verdadeiro, e você pega o Brasil com 220 milhões de habitantes, se você pegar 15% disso significa que temos quase 30 milhões de pessoas com problema de desequilíbrio de parafuso. Pode uma hora acontecer uma desgraça", disse Lula, incluindo o homem que fez o ataque em Santa Catarina nessa categoria.

"Temos que pensar e analisar a saúde mental dessas crianças dentro da escola. Por que a criança não pode ser seguida pelos médicos quando começa a entrar na escola para ver o comportamento dela, para analisar. Temos que esperar ter um crime para acontecer isso?", completou.

Levantamento da Organização Mundial da Saúde de 2019 diz que uma em cada oito pessoas do mundo tem algum transtorno mental, ou seja, 12,5%. Esses transtornos são definidos como distúrbios intelectuais, emocionais ou comportamentais.

A deputada estadual Andréa Werner (PSB-SP), figura de referência na área, diz que a fala de Lula foi "profundamente infeliz ao associar casos de violência a pessoas com deficiência e transtornos psiquiátricos."

"Temos dados que mostram que essas pessoas são, via de regra, vítimas de violência. Os termos usados, que muitas vezes a gente entende como do cotidiano, de uma conversa com amigos, ou que em espaços informais ainda passam como inofensivos, são ferramentas de desumanização e estigmatização contra quem é vítima de violência. É importantíssimo termos uma retratação do presidente", afirma a parlamentar.


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