BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), general Gonçalves Dias, apresentou um atestado médico nesta quarta-feira (19) para justificar a decisão de não comparecer à Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados.
Em resposta, parlamentares aprovaram um requerimento para convocar o ministro a prestar esclarecimentos sobre a ação do GSI durante a invasão de bolsonaristas às sedes dos Poderes, em 8 de janeiro. A audiência ocorrerá na próxima quarta-feira (26).
O atestado foi enviado por um assessor do ministro ao secretário da comissão parlamentar. O documento é assinado pelo médico João Luiz Henrique da Silveira.
"Atesto para fins de apresentação junto à Câmara dos Deputados que o Sr. Ministro Marco Edson Gonçalves Dias foi atendido pelo Serviço Médico da Coordenação de Saúde às 13 horas do dia 19/04/2023, com quadro clínico agudo e com necessidade de medicação e observação, devendo ter ausência em compromissos justificadas por motivo de saúde na presente data", diz o atestado.
A reportagem apurou que, internamente, Dias tem alegado ter sofrido uma crise hipertensiva. Em nota, o GSI disse que expressa "respeito aos trabalhos da comissão" e que o ministro "se coloca à disposição para agendamentos futuros".
O ministro havia sido convidado para prestar esclarecimentos à Comissão de Segurança Pública da Câmara sobre a conduta do GSI nos atos de vandalismo de 8 de janeiro. O convite foi feito por deputados bolsonaristas, que tentam acusar o governo Lula de, por inação, ter permitido os ataques de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) às sedes dos Poderes.
O documento com o parecer médico foi enviado horas após a CNN Brasil revelar imagens do circuito interno da segurança do Palácio do Planalto durante os ataques de 8 de janeiro. Os vídeos mostram a atuação de militares do GSI durante a invasão à sede do Executivo.
Os vândalos receberam água dos militares e cumprimentaram agentes do GSI durante os ataques. As imagens ainda mostram o ministro Gonçalves Dias circulando pelo terceiro andar do palácio, na antessala do gabinete do presidente da República, enquanto os atos ocorriam no andar debaixo.
Os vídeos das câmeras de segurança do Palácio do Planalto haviam sido colocados sob sigilo pelo governo Lula no início de fevereiro, alegando riscos para a segurança das instalações presidenciais.
A reportagem da Folha de S.Paulo pediu, via Lei de Acesso à Informação, a íntegra das imagens registradas pelas câmeras de segurança internas e externas do sistema do Palácio do Planalto, referentes ao domingo em que manifestantes golpistas vandalizaram os prédios dos Três Poderes.
Ao negar acesso à íntegra das imagens, o GSI (Gabinete de Segurança Institucional), comandado pelo general Gonçalves Dias, afirma não ser "razoável" por divulgar informações que exponham métodos, equipamentos, procedimentos operacionais e recursos humanos da segurança presidencial.
As gravações ainda foram enviadas ao Exército no âmbito de investigações internas sobre a atuação do Batalhão da Guarda Presidencial durante os ataques aos Poderes. A apuração foi encerrada e enviada sob sigilo ao STF (Supremo Tribunal Federal), após decisão do ministro Alexandre de Moraes de autorizar que a Justiça comum julgue os militares envolvidos nos atos.
O vazamento das gravações deu força para a oposição no Congresso, que espera para a próxima semana a abertura da CPMI para investigar os atos golpistas de 8 de janeiro.
O presidente do colegiado, deputado Sanderson (PL-RS), afirmou que a convocação de Gonçalves Dias se tornou imprescindível diante da falta do ministro à sessão desta quarta.
"Olhando o vídeo, está muito clara a contribuição ilegítima do ministro-chefe do GSI para com esses criminosos. Eles deveriam ser tratados como vândalos e criminosos", disse Sanderson.
"Eles foram tratados até com um certo assessoramento do ministro-chefe do GSI. Agora, a pergunta que tem que se fazer é se ele, como homem forte do presidente Lula, agiu com o conhecimento do presidente Lula", completou.
O deputado Orlando Silva (PC do B-SP) afirmou que conhece Gonçalves Dias há mais de 20 anos, desde o período em que o militar estava na ativa do Exército. Ele disse que apesar da "dedicação à causa pública" do ministro, não há condições políticas para sua permanência no governo.
"Reconhecendo todas as virtudes do Gonçalves Dias, eu não tenho a menor dúvida que não há a menor condição do G.Dias seguir à frente do GSI. Na minha opinião política, não há condições políticas do ministro seguir à frente do GSI", disse.
"Devo dizer que tenho opinião política diferente do governo sobre os sigilos das imagens do 8 de janeiro. Na minha opinião, o Brasil precisa conhecer o que aquela horda de bolsonaristas golpistas fizeram na praça dos Três Poderes", completou Orlando.
Em reação, deputados bolsonaristas pediram para o comunista assinar o requerimento de instalação da CPMI do 8 de janeiro.
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