BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Horas depois da demissão do general Gonçalves Dias da chefia do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou não guardar rancor dos militares e disse ter cogitado faltar a uma solenidade alusiva ao Dia do Exército.
A declaração ocorreu na tarde desta quarta-feira (19), durante evento de anúncio de liberação de recursos para universidades e institutos federais. O início do evento atrasou mais de uma hora porque, antes, Lula manteve encontros internos para tratar da atuação de militares do GSI durante os ataques no dia 8 de janeiro.
Apesar de não citar o episódio, Lula diz não guardar rancor dos militares.
"Eu quero dizer para vocês que hoje foi dia do Exército Brasileiro e todo mundo sabe o quanto eu andava magoado com os militares nesse país por conta de tudo que aconteceu. E eu fiquei a noite inteira pensando: 'vou, não vou, vou, não vou'. E eu tomei a decisão de ir", disse Lula.
"Acho que foi Deus que me ajudou a decidir, porque eu fui para mostrar: eu não guardo rancor. Esse Exército não é mais o Exército de Bolsonaro, é o Exército de Caxias, o Exército brasileiro que tem função constitucional".
Gonçalves Dias pediu demissão do cargo após a divulgação de imagens que colocam em xeque a atuação do órgão durante o ataque golpista de 8 de janeiro.
A saída dele do governo ocorreu pouco depois de uma reunião com Lula, que aceitou o pedido. Trata-se da primeira queda de ministro na atual gestão, três meses e 19 dias depois do começo do mandato.
A CNN Brasil havia divulgado, horas antes, imagens do circuito interno da segurança do Palácio do Planalto durante a invasão da sede da Presidência da República.
Segundo as imagens, os vândalos receberam água dos militares e cumprimentaram agentes do GSI durante os ataques. Nos vídeos, o próprio general Gonçalves Dias circula pelo terceiro andar do palácio, na antessala do gabinete do presidente da República, enquanto os atos ocorriam no andar de baixo.
A cerimônia em alusão ao Dia do Exército ocorreu na manhã desta quarta.
No evento, o comandante da Força, general Tomás Paiva, leu discurso ao lado de Lula em que pregou que o respeito às instituições e o apartidarismo são bases de um "Exército moderno".
"Em um mundo cada vez mais complexo, é preciso olhar os exemplos dos heróis de Guararapes e do Duque de Caxias, a fim de encontrar os melhores caminhos para o cumprimento de nossa missão", disse.
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