SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Ex-secretários de Bruno Covas (PSDB) decidiram subir o tom nas críticas a Ricardo Nunes (MDB), que foi eleito em 2020 como vice da chapa e assumiu o comando da Prefeitura de São Paulo em maio de 2021, com a morte do tucano.

O gancho mais recente é a revisão do Programa de Metas, estabelecido para o quadriênio de 2021 a 2024, com modificações em pelo menos 27 propostas. O novo texto, em boa parte, suaviza o comprometimento da prefeitura.

Ex-secretário das gestões João Doria, Bruno Covas e Ricardo Nunes, Orlando Faria publicou uma carta aberta ao emedebista em suas redes sociais. Nela, ele diz que o Programa de Metas original, elaborado por Covas e agora alterado por Nunes, era ousado para o emedebista, mas não para o tucano.

Faria diz que o prefeito não cumpriu sua promessa de manter a equipe do tucano, pois, em suas contas, 65% das pastas tiveram trocas de secretários. Nas subprefeituras, 50% dos chefes foram mudados. Ele ainda escreve que o Programa de Metas original foi escolhido pela sociedade na eleição, pactuado após dezenas de audiências públicas, e agora é trocado por um novo projeto "mais confortável" para a eleição de Nunes.

"Dedique-se menos às articulações eleitorais, como vemos quase que diariamente na imprensa, e cumpra o Programa de Metas 2021-2024 da gestão Bruno Covas, um legado construído em conjunto com a sociedade. Ou, pela falta de ousadia e de competência, revele-se para os eleitores. E assuma as consequências futuras de descumprir um compromisso público dessa magnitude", escreve o ex-secretário de Turismo e de Casa Civil.

Ex-secretário de Relações Internacionais e ex-presidente da SPTuris, agência municipal de Turismo, Luiz Álvaro faz críticas no mesmo sentido.

Ele diz que Nunes parece fazer ações pontuais para conseguir exposição na imprensa, diferentemente de Bruno Covas, que teria um compromisso com o legado a ser deixado para a cidade. Segundo ele, é possível ver que o prefeito trabalha, mas não atua com a perspectiva de um estadista.

Um dos exemplos disso, diz Álvaro, seria a mudança no projeto da SPTuris, na qual ele foi colocado para completar o processo de desestatização da agência, que acabou abandonado pela atual gestão.

"O programa que criamos era ousado, mas factível. Ele não vai alcançar aquelas metas e tenho dúvidas até de que consiga cumprir as que estabeleceu agora", afirma.

Assim como Faria, Álvaro é tucano e diz que não gostaria de ter que apoiar Nunes em sua tentativa de se reeleger em 2023. Segundo ele, o PSDB tem força em São Paulo e deveria buscar uma candidatura própria.

Em caráter reservado, remanescentes da gestão Covas na gestão municipal têm corroborado as críticas, mas não manifestam publicamente por temor de perda dos cargos que atualmente ocupam.


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