VALÊNCIA, ESPANHA (FOLHAPRESS) - Considerado o pai da internet, o cientista britânico Tim Berners-Lee disse ser a favor de os governos criarem leis de proteção dos usuários no ambiente das redes.
O tema tem mobilizado atenção ao redor do mundo e, no Brasil, o governo Lula (PT) tenta a aprovação no Congresso do chamado PL das Fake News.
"A web é uma coisa poderosa, mas o que tem de mudar para melhor são as plataformas", disse Berners-Lee, nesta terça-feira (9), na abertura do 5º Encontro Internacional de Reitores, em Valência (Espanha), evento promovido pelo Universa, empresa educacional do banco Santander.
Tim Berners-Lee criou em 1989 o world wide web, que revolucionou a sociedade e desenhou a internet como conhecemos hoje. Ele disse que, diante das primeiras experiências com a web, não imaginava onde as coisas poderiam chegar, como os casos de manipulação de eleições, citando a eleição de Donald Trump e o Brexit.
"Chegamos à conclusão de que os governos precisam fazer alguma coisa e têm de estabelecer leis de controle, para lidar com as coisas más", disse. "Para que os dados das pessoas não sejam roubados ou mal utilizados. Não se trata de desconectar, acabar com uma rede quando houver o momento de eleições, o que temos é que utilizar e empregar bem essa rede".
Atualmente, aos 67 anos, é professor e pesquisador do MIT (Massachusetts Institute of Technology), nos Estados Unidos. Físico de formação, Berners-Lee criou o www quando trabalhava no Centro de Cálculo do Cern (originalmente Conselho Europeu de Pesquisa Nuclear, hoje Organização Europeia de Pesquisa Nuclear), perto de Genebra, na Suíça.
O cientista disse que a quantidade de sites cresceu muito rapidamente nos anos 1990 e esperava, sim, que rapidamente todos estariam conectados. Mas logo percebeu-se algo fora do controle.
"As pessoas conseguiram perceber que era uma coisa que estava chegando a um ponto que talvez fuja do nosso controle, a questão de privacidade, que as pessoas possam ser manipuladas", disse.
Para ele, é importante que as "pessoas voltem a ter o controle" da internet, e isso abriria uma porta a muitas outras possibilidades. "Quando as pessoas veem a web e que a eleição do Trump foi possível através da manipulação na web, o brexit, as pessoas percebem que querem recuperar o controle na web, e temos que corrigir essa direção. Ter uma tecnologia para corrigir esse rumo."
Berners-Lee protagonizou a primeira agenda do 5º Encontro Internacional de Reitores. O evento, do Santander, reúne até quarta-feira (10) em Valência 700 dirigentes de universidades de 14 países, a maioria da América Latina e península ibérica.
No evento, a presidente do banco Santander, Ana Botín, anunciou que a instituição vai investir, até 2026, 400 milhões de euros para o apoio a universidades de 25 países. Dessas, cerca de 400 são universidades e faculdades parceiras do Brasil
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O repórter viajou convite do Santander
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