RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - A decisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de vetar a participação do filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), na disputa pela Prefeitura do Rio de Janeiro no ano que vem embaralhou as articulações políticas e tende a favorecer Eduardo Paes (PSD), que buscará a reeleição.

Flávio vinha se articulando para a candidatura e havia garantido o apoio do governador Cláudio Castro (PL) após desentendimentos internos. Contudo sempre condicionou o projeto ao endosso do pai.

Na quinta-feira (19), Bolsonaro orientou pelo fim da empreitada.

"Nas eleições municipais de 2024 quero ele organizando os palanques nos 92 municípios do Rio, pois o PL tem o projeto de fazer uma grande quantidade de prefeitos e vereadores em todo o Brasil. Então conversamos e ele vai comunicar ao nosso grupo político no Rio que não será candidato à prefeitura. Vamos escolher o melhor nome para disputar a capital com o nosso apoio", disse Bolsonaro à Jovem Pan.

Flávio publicamente acatou o pedido. "Agradeço ao meu líder Jair Bolsonaro pelas palavras e pelo reconhecimento. Seguirei ajudando meu amado Rio de Janeiro e trabalhando por todos os cariocas e fluminenses aqui do Senado Federal."

O senador Carlos Portinho (PL) é o que tem se movimentado de forma mais clara para assumir a candidatura no partido. Ele se reuniu com Bolsonaro e o presidente da sigla, Valdemar Costa Neto, para discutir os cenários na cidade.

"Estou a postos para o chamado do capitão", escreveu ele em suas redes sociais.

Também se articulam para a disputa com o apoio do ex-presidente o deputado federal Eduardo Pazuello (PL), ex-ministro da Saúde de Bolsonaro, e o deputado federal Otoni de Paula (MDB), que já foi aprovado como pré-candidato pelo MDB-RJ.

A saída de Flávio também altera os planos de Castro. Sem o senador na disputa, o governador pretende ter mais peso na discussão sobre o nome do PL na disputa. Ele defende o apoio ao secretário estadual de Saúde, Dr. Luizinho (PP).

Com a desistência do filho de Bolsonaro, Castro também deixa em aberto a possibilidade de aliança com Eduardo Paes. Os dois mantêm boas relações políticas, mas há dificuldade em compatibilizar interesses políticos futuros na eleição de 2026.

O prefeito, por sua vez, pode vir a perder o apoio do PT, a depender das discussões sobre espaço na chapa.

A sigla do presidente Lula quer ocupar a vice, de olho numa eventual saída de Paes em 2026 para a disputa do governo estadual. O prefeito, porém, quer no posto o seu principal aliado, o deputado Pedro Paulo (PSD).

Paes pretende manter esse desenho até as vésperas das convenções, a fim de ter uma carta na manga para atrair outros partidos, caso o cenário eleitoral assim imponha.

Sem o envolvimento direto de Bolsonaro na campanha, setores do PT defendem o apoio ao deputado Tarcísio Motta (PSOL). Aliados de Paes, porém, avaliam que o apoio do partido ao prefeito está acordado com Lula, sem possibilidade de alteração.


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