BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O general Augusto Heleno, ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), afirmou nesta quinta-feira (1º) que os ataques às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro não foram uma tentativa de golpe contra a democracia.
Ele disse à CPI dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa do Distrito Federal que não havia planejamento nem líder --em esforço para blindar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
"Um golpe, para ter sucesso, precisa ter líderes, um líder principal, que esteja disposto a assumir esse papel. Não é uma atitude simples, considerando o tamanho do Brasil. Esse termo 'golpe' está sendo usado com extrema vulgaridade, e não é simples avaliar que uma manifestação possa caracterizar um golpe", disse Heleno.
O ex-ministro ainda disse que um golpe coordenado poderia ter sido bem-sucedido.
"Ele teria condições de acontecer se tivesse sido planejado. Isso é no mundo inteiro, verificamos no mundo inteiro, às vezes acontece essa história. Mas é um processo que não é assim, sair para rua e dar um golpe, ainda mais em um país como o Brasil", disse Heleno após negar que tivesse atuado na articulação dos acampamentos golpistas em frente aos quartéis-generais.
Augusto Heleno presta depoimento nesta quinta após ter cancelado o primeiro convite para esclarecer a atuação do GSI diante dos acampamentos golpistas. O general disse que só conheceu as manifestações por "fotografia" e que elas pareciam "sadias, onde se fazia muitas orações".
"Eu acho que o acampamento foi uma atividade que durou muito tempo, sem nenhum acontecimento de maiores consequências ruins e foi uma experiência nova em termos de manifestação política ordeira e disciplinada, que deve ter acrescentado algumas coisa nos movimentos políticos brasileiros", disse o ex-ministro.
Apesar da declaração de Heleno, integrantes do acampamento realizaram ao menos três atentados. O primeiro, em 12 de novembro, quando eles queimaram ônibus e carros e tentaram invadir a sede da PF (Polícia Federal) após a prisão de um líder indígena.
Outra, na véspera do Natal, quando o bolsonarista George Washington Sousa tentou explodir um caminhão-tanque no Aeroporto Internacional de Brasília. O último, em 8 de janeiro, com a depredação das sedes dos Poderes.
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