SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A perda de prazo para o envio de sua indicação para ocupar uma vaga de conselheiro no Tribunal de Contas do Município pode fazer com que o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), perca a prerrogativa para a Câmara Municipal. Com isso, é possível que ele não possa escolher um nome que seja exclusivamente de sua preferência.
Como mostrou o Painel, Nunes deixou passar o prazo de 15 dias estabelecido em lei (artigo 12 da lei 9.167/1980) para enviar a sua indicação, que deveria ter ocorrido até quinta-feira (15). O posto está desocupado desde 30 de maio, com a aposentadoria de Maurício Faria.
Diante disso, discute-se na cúpula da Câmara Municipal que o contexto é similar ao de um projeto de lei que é enviado para o Executivo e não tem resposta. Nesses casos, o projeto volta para o Legislativo, que define a sanção ou o veto.
Dessa forma, uma indicação enviada por Nunes agora pode ser recebida na Câmara com a resposta de que ele não cumpriu o prazo legal e que, por isso, perdeu o direito.
O imbróglio pode forçar o prefeito a chegar a uma solução conjunta com o presidente da Câmara, Milton Leite (União Brasil), com quem ele tem desentendido a respeito da indicação. O emedebista vinha dizendo a aliados que a indicação seria exclusivamente sua, sem negociações, enquanto Leite se queixava de que eles haviam selado um acordo em 2020 de que a escolha seria sua.
No novo cenário, o emedebista pode ter perdido a oportunidade de indicar Marcela Arruda, secretária de Gestão que era a sua favorita para a indicação, mas que enfrenta resistência de Leite e de aliados do próprio prefeito. O segundo na lista de Nunes, Ricardo Torres, da Fazenda, tem mais aceitação.
O deputado estadual Milton Leite Filho (União) era o preferido do presidente da Câmara, que é seu pai. No entanto, Leite que não deve insistir em seu nome mesmo com a possibilidade de que a indicação agora parta do Legislativo paulistano.
Os envolvidos nos trâmites dizem que o episódio é ilustrativo de problemas de isolamento da gestão Nunes.
O prefeito entrou em conflito aberto com o TCM por discordar de determinações da corte, atritou com Leite em relação à indicação do novo conselheiro e tem sido criticado por aliados por não consultar ninguém no processo de tomada de decisão sobre o tema.
A demora do prefeito de São Paulo em indicar pelo menos um conselheiro interino para o TCM tem gerado obstáculos ao funcionamento da corte de contas da capital, como mostrou a coluna.
Processos relacionados à área da saúde em São Paulo tinham Maurício Faria como relator e ficaram sem encaminhamento no período.
Na quinta-feira (15), o TCM decidiu que redistribuirá entre os conselheiros os processos, ainda que em breve eles possam ser assumidos por um interino e, posteriormente, pelo novo conselheiro.
Entre na comunidade de notícias clicando aqui no Portal Acessa.com e saiba de tudo que acontece na Cidade, Região, Brasil e Mundo!