BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O comandante do Exército, general Tomás Paiva, decidiu anular a nomeação do coronel Jean Lawand Junior para a Representação Diplomática do Brasil nos Estados Unidos, em Washington.
A medida ocorre a Polícia Federal identificar uma série de mensagens em que o militar sugeria ao ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), Mauro Cid, que auxiliasse o então presidente a "dar uma ordem" para ação das Forças Armadas contra a eleição de Lula (PT).
O coronel Jean Lawand Junior é atualmente supervisor do Programa Estratégico Astros do Escritório de Projetos do Exército, do Estado-Maior da Força.
Lawand formou-se na Aman (Academia Militar das Agulhas Negras) em 1996, com a melhor nota entre os cadetes da turma Bicentenário da Inconfidência Mineira. Durante os quatro anos de formação, ele esteve ao lado do atual governador de São Paulo, Tarcísio Freitas.
Durante a carreira, o coronel passou por áreas ligadas a mísseis e foguetes, currículo que o credenciou para assumir a supervisão do Programa Astros, considerado um dos principais projetos estratégicos do governo.
Segundo generais ouvidos pela reportagem, Lawand era um dos cotados para ser promovido a general de brigada em 2025, por já ter assumido cargos de comando e pelas posições nas turmas de formação militar.
O período da promoção seria próximo à volta de Lawand dos EUA. Em fevereiro, Tomás Paiva assinou uma portaria designando Lawand para a missão no exterior a partir de 2 de janeiro de 2024.
A anulação da movimentação seria uma forma de garantir que o militar esteja no Brasil enquanto as investigações estão em curso.
Em uma das conversas, o coronel Lawand repassa mensagem de um amigo que afirma ter se encontrado com o general Edson Skora Rosty.
Subcomandante de Operações Terrestres do Exército à época das mensagens, Rosty teria garantido ao interlocutor que a Força terrestre cumpriria uma eventual ordem de intervenção caso a recebesse. Ainda segundo esse relato, o general teria ponderado que o Exército nada faria sem uma ordem de Bolsonaro porque o movimento seria visto como um golpe.
O general três estrelas foi para a reserva do Exército em abril deste ano, após o Alto Comando da Força decidir promover um militar mais moderno que Rosty para o cargo de general de Exército (quatro estrelas).
Foi ele quem abrigou Cid no Comando de Operações Terrestres após o Exército decidir que ele não assumiria o comando do batalhão de Goiânia.
No caso de Rosty, a decisão interna é não abrir nenhum procedimento contra o general, por ele estar na reserva e o caso ser considerado um boato. À Veja o militar disse não se lembrar da conversa citada por Lawand.
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