BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Indicado pelo presidente Lula (PT) para o STF (Supremo Tribunal Federal), o advogado Cristiano Zanin concluiu seu périplo pelo Senado Federal sem se encontrar com o senador e ex-juiz Sergio Moro (União Brasil-PR).

Moro e Zanin protagonizaram embates quando o advogado defendeu Lula em processos da Operação Lava Jato.

Às vésperas da sabatina na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), que será realizada nesta quarta (21), Zanin conversou por telefone com o relator de sua indicação e vice-presidente do Senado, Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB).

O advogado relatou a aliados que pretendia diminuir o ritmo de encontros nesta terça-feira (20). Ele foi aconselhado a poupar sua voz, já que a sabatina pode se arrastar durante o dia todo --entre senadores, as estimativas para essa etapa giram em torno de seis horas.

Para ser aprovado, o futuro ministro do Supremo precisa do voto de no mínimo 41 dos 81 senadores. Para agilizar a indicação, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), se comprometeu com o governo a colocar o nome de Zanin em votação no plenário logo após a análise da CCJ.

"Expectativa bem encaminhada de aprovação [do nome de Zanin]", afirmou Pacheco ao deixar o Senado nesta terça. Ele confirmou que a sessão plenária desta quarta deve analisar a indicação de Zanin e o arcabouço fiscal.

A avaliação entre senadores da base é a de que o advogado de Lula deve conseguir cerca de 60 votos --19 a mais que o necessário. O PL de Jair Bolsonaro, por exemplo, decidiu liberar os senadores para que votem da forma como quiserem.

Desde que teve seu nome anunciado, Zanin bateu na porta de quase todos os gabinetes do Senado, se encontrou com líderes evangélicos e participou de jantares.

O advogado arrancou elogios públicos de senadores bolsonaristas, como a ex-ministra Damares Alves (Republicanos-DF), e ouviu promessas de votos. Aliados de Zanin contam com o apoio, por exemplo, do ex-secretário da Pesca de Bolsonaro, Jorge Seif (PL-SC), e do líder do Republicanos, Mecias de Jesus (RR).

Em 13 de junho, Zanin conversou com 20 senadores num único dia --incluindo a bancada feminina, o PSD e o senador Hiran Gonçalves (PP-RR), próximo ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

Zanin permaneceu calado quando questionado se pretendia falar com Moro. Sobre o assunto, o ex-juiz disse que a pergunta deveria ser direcionada ao indicado para o Supremo.

Aliados do advogado disseram à reportagem que não estava nos planos buscar uma interlocução com Moro, uma vez que os cálculos da base indicam que o senador não deve ser relevante para a definição do resultado.

A oposição afirma que a indicação de Zanin fere o princípio da impessoalidade, mas é prerrogativa do presidente da República. Do outro lado, a base de Lula diz que não se opôs aos ministros André Mendonça e Kassio Nunes Marques, indicados ao Supremo por Bolsonaro.

Se for aprovado, Zanin vai ocupar a vaga aberta com a aposentadoria do ministro Ricardo Lewandowski. Desde que deixou a corte, no início de abril, o Supremo está com 10 integrantes em vez de 11.

Uma das preocupações do governo é evitar que o presidente da República seja culpado por um eventual empate no STF em julgamentos sensíveis. A expectativa no STF é de que Zanin só tome posse em agosto, na primeira semana após o recesso.


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